A propósito da abertura do novo restaurante do Chef Nuno Mendes na Rua das Flores, lembrei-me dos fantásticos rojões que se comiam naquele local antes da gentrificação criar mais um hotel de cinco estrelas nesta rua do Porto. Durante muitos anos, o Largo de São Domingos foi a casa do “Irmãos Linos”, restaurante informal e com estamina, que à sexta-feira nos brindava com um prato do dia feito de rojões cheios de carácter.
Eu e os meus colegas de trabalho combinávamos ir lá almoçar, antecipávamos o dia e chegamos a fazer uma celebração final na semana em que sabíamos que o Irmãos Linos ia fechar.
Foi com alegria e enorme expectativa que vim a saber mais que os Linos reabriram, com um hiato de um ano e pouco, numa nova localização. A praça do Marquês. Da primeira vez que lá entrei, um reencontro. A propriedade, a cozinha e a equipa de sala era a mesma! Restava-me perguntar se os pratos do dia continuavam os mesmo e se havia rojões à sexta.
A resposta foi uma delícia!
Os rojões não se tinham perdido e lá continuavam, religiosamente servidos à sexta-feira. Com o mesmo sabor e pormenores que o tornaram conhecido na Ribeira.
Sou obrigado a dizer que não gosto dos rojões quando está tudo ligado. Acho que as batatas devem ser sequinhas, o sangue deve estar coeso sem esfarelar por cima dos outros ingredientes e as peças de carne devem ser húmidas e lascar quando se mete o garfo. A tripa enfarinhada deve ser pequena, estar bem frita podendo deslizar para o lado do prato ou oferecida por quem não a quiser comer. O arroz branco seco remata a oferta e há-de absorver a gordurinha que sobra.
Rojões é um daqueles pratos em que é o conjunto de todas as partes que faz o todo, e não tem deve estar tudo junto a saber ao mesmo. É como gosto de os comer. E é isso que o Linos Marquês oferece ao almoço das sextas-feiras.
Tenho a certeza de que voltarei a estas linhas para falar do Cozinha das Flores mas, até lá, elas terão de crescer e tornar-se adultas!
Para já, rojões.