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O Martinho e o cozido que eu não comi

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O cozido é afamado. Estava na sua época. Era o fim de semana de Carnaval…

Para celebrar o domingo gordo em grande, decidimos apostar num cozido reputado. Após alguma conversa, a decisão caiu na Cozinha do Martinho, na rua Costa Cabral, no Porto, casa antiga e de pergaminhos, que tem no cozido um esteio da sua reputação.

Considerando que pretendíamos continuar os festejos nas ruas do Porto, marcamos uma mesa para cedo. O restaurante começava o seu serviço de almoço ao meio-dia e meia e foi exatamente para essa hora que reservamos mesa.

Quando entramos, a sala completamente vazia contrastava com alguma azáfama no balcão do fundo onde alguns clientes levantavam encomendas. Desde a pandemia que a Cozinha do Martinho se popularizou no take away. Desconheço se já o fazia antes, mas é certo que este modelo funcionou bem para esta casa naquele período, dentro de todas as contingências a que a restauração esteve associada.

créditos: Paulo Russell-Pinto

Mal nos sentaram, aterrou na mesa um prato de salpicão com ótimo aspeto, de cor rosada por todo e que convenceu a boca. Era firme e com umami prolongado.

Quando chegou a lista, fomos prontamente informados que já não havia cozido! havia um X no menu. Fiquei estarrecido. Não sei se pela expectativa gorada de comer cozido no Carnaval, se pelo facto da primeira mesa do serviço já não poder comer o prato principal do dia. Talvez pelos dois motivos. Mostramos o nosso espanto e o nosso desagrado e, numa tentativa final de ver se ainda seria possível fazer alguma coisa, o empregado voltou da cozinha com a informação que “nada havia a fazer”. O cozido do dia não havia.

“Vamos reforçar 3ª feira”, foi-nos dito. Outras mesas acabaram por passar pelo mesmo, mas como não foram o primeiro serviço de almoço, o choque não foi tão grande.

Tivemos de escolher outra coisa, que estava boa, mas que não interessa para o caso.

Entretanto, e bem, continuaram a desfilar pela sala, sacas e sacas de take away… calculei que ali fossem as várias doses do cozido de Carnaval que já não comi.

Não desisti. Na terça-feira de Carnaval, resolvi ser mais esperto e passar para o clube dos sacos. Liguei às onze e meia para reservar cozido para ir buscar. Nada. Estava esgotado, obrigado por ter ligado, até à próxima.

Parece que o Cozido do Martinho não se arranja.

O que se passou no Domingo é mais difícil de digerir. O facto de um restaurante não reservar o prato do dia para o seu próprio serviço de almoço e vender tudo para fora deixa-me desconcertado. Não percebo.

A gestão de expectativas é das coisas mais sensíveis na restauração. Se a Cozinha do Martinho cumpre a função de vender, não está a cumprir na plenitude a função de receber, a outra essência do que deve ser um restaurante.

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