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No Bar Americain até a comida é speakeasy (Dentro da Casa de Albar, Parte um)

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Esta crónica está dividida em duas partes, fruto de convites e visitas anónimas aos espaços gastronómicos do Maison Albar – Le Monumental Palace, no Porto.

No hotel Maison Albar – Le Monumental Palace, na avenida dos Aliados no Porto, deve estar instalado um dos bares mais bonitos de Portugal. Situa-se no fundo do lobby, é preciso passar um corredor escuro e toda a decoração nos transporta de imediato para um período obscuro e festivo dos anos 20, onde tudo parecia poder acontecer. Talvez o fascínio americano não esteja tão na moda atualmente, mas a marca deste período deixa-nos um misto de esperança e divertimento acelerado. De arquitetura marcadamente art deco, não há muitos trabalhos de decoração atual que não se sintam tentados a colocar um traço contemporâneo para marcar o seu tempo. No Américain isso não acontece. É uma viagem ao estado puro da alma.

Américain era o nome do bar de Humphrey Bogart em “Casablanca”. Terá sido encontrada uma placa com este nome numa das paredes que veio abaixo aquando das obras do hotel, escondendo um móvel de bar sumptuoso que representou um espaço perdido no tempo, quiçá clandestino.

A lista de bar reforça a mitologia deste período. Tiago Oliveira, o head bartender, criou quatro cocktails que abrangem quatro características dos anos vinte e trinta. O Empire, de base de Vodka e frutas tropicais, evoca o tempo em que não havia limites para sonhar. O Rum Runner homenageia o contrabando deste destilado pelos mares do caribe e é servido tendo como base um spiced rhum feito no próprio bar. Foi o meu preferido. Também é servido um Flapper, nome proveniente das mulheres que faziam questão em divertir-se e quebrar as regras vigentes, onde o gin é a bebida de eleição e finalmente o Charleston, a ignição musical da época onde a criatividade deu prioridade ao bourbon como base do cocktail. Só faltou mesmo que a fonte de absinto estivesse a funcionar e a escorrer o espírito para cima do cubinho de açúcar.

Quer pela decoração, quer pela lista de cocktails, nota-se que houve o cuidado de estabelecer uma linguagem próxima com aquele tempo da história do século XX.

Também speakeasy é o menu de snacks proposto pelo chef Julien Montbabut, que oficia no restaurante Le Monument, mesmo ao lado. (ver a segunda parte desta crónica). Speakeasy porque está escondido atrás do glamour do espaço e do magnetismo dos cocktails. É difícil de ver e tem de se procurar, como qualquer speakeasy, mas vale mesmo a pena explorar.

A decoração Art Deco do espaço, cheia de pormenores, é uma viagem no tempo (foto D.R.)

Dividido entre clássicos internacionais e petiscos muito portuenses, aplica-se a máxima de Montbabut quando afirma que veio para Portugal para trabalhar produtos locais, embora toda a sua formação seja francesa. Por um lado temos uns clássicos modernos lobster rolls, feitos com um brioche bem doce e intenso para contrastar com o lavagante esfiado frio temperado, ou o croque-monsieur que leva creme de trufa e que é servido bem firme e tépido a dar prazer em cada dentada. Também provei o Ceviche do dia, clássico, cozido no leche de tigre e servido em cima de meia lima, que nos obriga a tocar-lhe com a boca e a sentir a doçura acídula do citrino a cada dentada. Pelo lado tuga, a surpresa vai para o cachorro do bolhão, um twist visual daquele petisco, com a linguiça do Leandro e a adição de mostarda pouco picante. É bom ver que é este é cada vez mais uma referência gastronómica do Porto e que acaba naturalmente por ser integrada numa gastronomia mais criativa e menos popular. Também são de experimentar os croquetes de bacalhau, homogéneo e suave, sentado numa maionese de alho intensa que também é para comer. Numa das últimas visitas também tive a oportunidade de comer os sliders, 3 hambúrgueres pequenos, cada um com o seu sabor e muito diferentes entre si, sendo que o de pulled pork era o que se destacava mais.

Pormenor da decoração na barra do Américain

O Américain quer aproximar o mundo do bar à população da cidade e não viver só dos hóspedes do hotel. Tem concorrência, mas tem no ambiente e na qualidade argumentos muito bons para conseguir o que deseja.

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