
Poesia em forma de música. Letras em forma de notas musicais, palavras em forma de acordes… Melodia. Poesia dita, serenamente, pelo piano, como água que brota por sete fontes de… beleza.
Homem em Catarse, alter-ego de Afonso Dorido, apresentou no CCOP, no Porto, o seu último registo de originais, «Sete Fontes», um álbum em que o músico troca a guitarra pelo piano e… brilha.

Poesia em forma de música, um concerto em forma de recital.
Acompanhado por Francisco Oliveira, o manipulador da electrónica que polvilha os temas de «Sete Fontes» e dos vídeos projectados que ilustram as diversas narrativas, Homem em Catarse proporciona um momento de paz e serenidade, de beleza e maviosidade que embala a plateia.

«Sete Fontes», álbum integralmente tocado ao piano, existe porque a pandemia de Covid-19 tomou conta do mundo, mas também por causa dela teve a sua apresentação ao vivo adiada. Afonso Dorido, que entremeou os temas com alguma conversa com o público, lembrou que foi por causa da inactividade a que o sector da cultura esteve sujeito que se dedicou um pouco mais ao piano. Vai daí, tanto tempo sem poder trabalhar e tanto tempo para poder explorar resultou num disco intimista e de uma beleza ímpar.

«Sete Fontes» é sobre “lugares em Braga”, mas que não fosse… Poesia em forma de música.
No entanto, o recital não se ficou pelo último álbum, pescou também do penúltimo, o brilhante «Sem Palavras, Cem Palavras», outro álbum editado em pandemia (2020).
Deste último, no alinhamento, entraram «Calle del amor», «Casa dos pequenos pássaros» e «Tu eras apenas uma pequena folha», numa noite que começou com o tema que abre o disco «Sete Fontes», «Pêndulo da Sé».

«Santa Marta das Cortiças», «Valsa dos biscainhos», «Pastor da serra dos picos», «Nascente do Este», «Moinhos de Portuguediz» e «Rua do Souto deserta» (uma homenagem a Hilário Amorim) completaram a apresentação integral do álbum «Sete Fontes», que teve ainda lá pelo meio «Viskingnar och rop».

Um improviso sobre «Santa Marta de Leão» preencheu o encore e encerrou um concerto do qual, seguramente, todos os que assistiram saíram mais tranquilos e convictos de que tinham acabado de assistir a um momento de beleza ímpar.

Poesia em forma de música, foi o que foi!









