Pixies. Créditos: Global News
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Ora bem, falta-nos conversar sobre os últimos dois dias do Vodafone Paredes de Coura 2022, que encerrou, no Palco Vodafone, com os Pixies a vestirem a pele de salvadores da noite, que até teve alguns momentos muito interessantes desde o final da tarde, mas também dois autênticos atentados ao Couraíso.

Pixies. Créditos: Global News

Se o Festival de Paredes de Coura é “música, amor, ternura” e respeito, então, Princess Nokia e Slowthai não cabem no Taboão. As suas prestações até podem satisfazer uma franja do público, mais jovem, mais afoito, mas, seguramente, o palco deles é o do Sudoeste e não no palco principal de Coura, ainda para mais no dia de fecho de uma edição histórica, após um jejum de dois anos. E estamos conversados sobre aquelas duas aves raras.

Slowthai. Créditos: Global News

No Palco Vodafone, depois de Princess Nokia e de Slowthai, Black Francis e os seus Pixies não foram exuberantes, mas mostraram que quem sabe nunca esquece e a boa música não deixa de o ser com o passar do tempo.

Sem gritarias e noise moderado, os norte-americanos mostraram empenho e competência, apesar de um ou outro percalço. Certo é que, sem grandes macacadas (excepto o símio que foi para o céu) e de fininho, Black Francis (voz e guitarra), Dave Lovering (bateria), Joey Santiago (guitarra) e Paz Lenchantin (baixo) deram um belo concerto, com um alinhamento que contou com os grandes sucessos da banda, o que, habitualmente, os festivaleiros admiram.

Pixies. Créditos: Global News

O arranque do concerto foi ao som de «Gouge Away», «Wave of Mutilation» e do famosíssimo «Debaser», que foi uma espécie de mote para o que se seguiria e com o público a mostrar-se finalmente.

«Crackity Jones», «Gigantic», «Mr. Grieves», «Monkey gone to Heaven», «Hey», «Caribou», «I bleed», «Caribou», «There goes my gun», «Where is my mind?» e ainda duas versões («Head On», dos The Jesus and Mary Chain, e «Winterlong», de Neil Young, com que fechou o concerto), entre muitos outros temas fizeram um concerto delicioso, mas que, no entanto, dividiu opiniões. A do vosso devoto escriba é que os Pixies passaram pelo Taboão e ainda bem.

Pixies. Créditos: Global News

O final de festa, como já começa a ser habitual, fez-se ao som de «All friends», dos LCD Soundsystem, enquanto enormes balões brancos e vermelhos caiam sobre a plateia, e ainda «Wuthering Heights», de Kate Bush.

Yves Tumor & Its Band. Créditos: Global News

Antes, Perfume Genius e o sempre extraordinário Yves Tumor & Its Band, no Palco Vodafone FM, estiveram a um nível que os coloca no pódio do derradeiro dia do festival. Ainda assim, nota para os concertos de La Femme, que instigaram a dança enquanto o Sol se punha, acabando a actuação em grande festa, e de Omie Wise e, em especial, João Mortágua Math Trio, no Jazz na Relva, ainda o Astro-Rei brilhava intensamente.

João Mortágua Math Trio. Créditos: Global News

Na véspera, a jornada começou com os portugueses Baleia Baleia Baleia que foram, simplesmente, extraordinários. A felicidade de Manuel Molarinho (voz e baixo) contagiou, de imediato, a plateia e, pelo meio do rock desbragado que o baixista e o baterista Ricardo Cabral debitavam de palco, em frente aconteceu a festa, com o público a agitar-se a acompanhar cantando os temas do álbum mais recente «Suicídio Comercial», mas também outras coisas que colocaram a banda portuense no radar de muitos melómanos. Bem, o concerto acabou com os músicos a serem levados em crowdsurfing desde o palco até à régie em plena comunhão com o público.

Baleia Baleia Baleia. Créditos: Global News

Foi um dia em que teve uma prestação intensa de Ty Segall & Freedom Band e ainda com os Blaze apresentarem um espectáculo multimédia muito atractivo e a espalharem a dança pelo anfiteatro natural do Taboão. Concertos que merecem figurar no pódio, logo atrás do de Boy Harsher, sem dúvida, o melhor da noite.

Ty Segall & Freedom Band. Créditos: Global News

Aquela espécie de pós-punk electro-dance, de voz maviosa e batida certeira fez as delícias da noite. Uma vez mais, o Palco Vodafone FM a dar cartas, pena só que a tenda seja demasiado exígua para tanta gente que ali acorre para ouvir dos melhores concertos que passam pelo festival.

Boy Harsher. Créditos: Global News

Com grande simplicidade, a voz de Jae Matthews e a electrónica de Augustus Muller criam ambientes musicais enigmáticos, de escuridão luminosa e ritmo dançante.

Aliás, Jae Matthews disse a determinada altura: “Nós fazemos música de dança, por isso, vamos dançar!”.

Fãs de Boy Harsher. Créditos: Global News

E assim foi, com a tenda a transformar-se em pista de dança e a massa humana a balançar-se deliciada ao som electro-pop do duo norte-americano. Um must.

Boy Harsher. Créditos: Global News

Uma palavra para Sylvie Kreusch e para Kelly Lee Owens, esta atirada na última hora aos leões para o palco principal, em horário nobre. No entanto, a escocesa não se intimidou e, paulatinamente, conquistou a bem preenchida plateia, terminando em alta, fruto de uma batida bem techno, que agradou a muitos dos presentes.

Kelly Lee Owens. Créditos: Hugo Lima

Seguiu-se o after-hours final, com o inevitável Nuno Lopes a fechar as hostilidades.

E, agora, é hora de recados. Foram muitos os recados dados a este vosso escriba por parte dos festivaleiros. Situações que o público considera que não estão bem e que podem ser melhoradas e também é para isso que este texto serve.

Houve quem se queixasse do reduzido número de wc ou de uma praça alimentar com poucos lugares sentados e de escolha gastronómica limitada, mas, talvez, a mais preocupante seja a ausência de um posto médico dentro do recinto do festival (apesar de a assistência médica estar assegurada por equipas de móveis de técnicos de saúde).

Créditos: Global News

É certo que existe um posto médico junto à entrada do campismo oficial, no entanto, não tem médico em permanência. E esta situação torna-se mais preocupante quando se promove um after-hours, na madrugada de domingo, das 5h30 às 15h00, e se espera que quem lá vai… acabou de sair da cama!

Situações a ponderar e, provavelmente, a rever por parte da organização.

No final, segundo João Carvalho, director do Vodafone Predes de Coura, a edição 28 “foi ternura e rostos felizes”, “o maior orçamento de sempre” e “um sucesso comercial”.

O elemento da Ritmos falou aos jornalistas após a última Vodafone Music Session, com Manel Cruz a actuar no átrio da capela da Nossa Senhora da Purificação, em Formariz.

Manel Cruz. Créditos: Global News

Passaram pelo recinto 115 mil pessoas durante os cinco dias e ainda mais sete mil foram ao Sobe à Vila, em dois dias, porque o terceiro foi cancelado devido à chuva.

Para o ano há mais e os círculos no calendário são para fazer nos dias 16, 17, 18 e 19 de Agosto de 2023, para celebrar 30 anos da primeira edição do, então, Festival de Música Moderna Portuguesa de Paredes de Coura.

Créditos: Global News

Entretanto, um bom ano para todos!

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