
Numa autêntica noite de Verão, a Sala 2 da Casa da Música, no Porto, encheu-se para receber uns God Is An Astronaut em digressão celebrativa de 20 anos de carreira. Guitarras endiabradas e melodiosas, sempre em ritmo melancólico-explosivo, resultaram num concerto arrebatador!
Foi, como é apanágio do quarteto irlandês, uma viagem em ritmo dinâmico-explosivo e de guitarras ensandecidas. Som de intensidade esmagadora, mas igualmente de enorme leveza.

Inicialmente agendado para Outubro de 2020, por ocasião da celebração do 15º aniversário da edição do álbum «All Is Violent, All Is Bright» e com a proposta de tocar o disco na íntegra, o regresso da banda irlandesa à cidade Invicta foi, primeiro, reagendado para Maio de 2021, mas foi apenas neste 13 de Maio de 2022 (qual milagre de Nossa Senhora de Fátima!) que aconteceu.
Já não a celebrar os 15 anos (agora 17) de «All Is Violent, All Is Bright», mas as duas décadas de vida da banda, o quarteto optou por revisitar as suas criações desde a origem, entre as quais a raras vezes tocada «Dust & Echoes» ou ainda o seu segundo single «From dust to the beyond», até às mais recentes.

Durante cerca de hora e meia, Torsten Kinsella, na guitarra e voz, o irmão gémeo Niels Kinsella, no baixo, Lloyd Hanney, na bateria, e o regressado Jamie Dean, na guitarra e nos teclados, fizeram as delícias de todos os que encheram a Sala 2. Uma verdadeira torrente sonora viajante por curvas apertadas e que desembocam em largas avenidas! Assim, tipo «Suicide by star», entre outras.
Curiosamente, ou não, o concerto começou por temas do último álbum de originais, o nono destes primeiros 20 anos de banda.

De «Ghost Tapes #10», lançado em Fevereiro de 2021, abriram as hostilidades «Adrift» e «Spectres», alternando de seguida do álbum «Epitaph», de 2018, os temas «Seance room» e «Mortal coil» com «In flux».
Fechava-se um primeiro ciclo do regresso dos irlandeses à cidade Invicta. Seguiu-se o momento «All Is Violent, All Is Bright», com a interpretação de quatro temas, a começar pelo tema que emprestou o título ao seminal disco editado em 2015.

Depois, ouviu-se o já referido e extraordinário «Suicide by star» e a viagem prosseguiu melodiosamente com «Forever lost» e, por fim, o poucas vezes tocado, a não ser na presente digressão, «Dust & Echoes».
E para memória futura ficou ainda o segundo single editado pela banda, «From dust to the beyond», que integrou o álbum de estreia dos God Is An Astronaut.

Regresso a «Ghost Tapes #10», com «Burial» e «Fade», até à saída de palco… de Niels Kinsella e Lloyd Hanney, já que os outros dois apenas encenaram uma ovacionada reentrada em palco com a cumplicidade do público.
E, como já é habitual, os irlandeses encerraram o concerto com «Route 666», mais um mergulho no passado, mais concretamente a 2002, ano de lançamento do seu primeiro álbum de originais «The End Of The Begining».

Uma vez mais, os God Is An Astronaut não deixaram os seus créditos por guitarras alheias e foram novamente magnânimos, fcom que os espíritos distraídos da plateia os seguissem pelo infindável éter sonoro que conseguem criar.
O aquecimento coube aos suecos Oh Hiroshima e serviu como uma luva à noite de sexta-feira 13. Os irmãos Jakob Hemström, guitarra e voz, e Oskar Nilsson, bateria, eixo central da banda e que na passagem pelo Porto se fizeram acompanhar por Jalle Furingsten, guitarra e teclados, e Jocke Liebgott, baixo e voz, deram um excelente concerto, melodiosamente ruidoso, uma espécie de despertar para todos aqueles que já enchiam a Sala 2 da Casa da Música. Fundados em 2006 e com quatro álbuns editados, os Oh Hiroshima acabam de editar «Myriad», já este ano, precisamente o quarto disco de originais, do qual recrutaram grande parte dos temas que tocaram.











