Desde que foi anunciado que a Casa Guedes ia ter um espaço novo e que no menu ia constar uma Francesinha à Guedes, que o gastrónomo amante da dita fica de orelha arrebitada para saber como é.
A Casa Guedes é famosa pela sande de pernil de porco, com ou sem queijo de ovelha (ainda bem que já não usam a designação mais comum, mas errada, de “queijo da serra”), para a qual há filas que se estendem pelo passeio da praça dos poveiros e fazem delas local de confraternização e encontro enquanto se espera que os sr. César as sirva no interior da casa da esquina.
Agora há um espaço novo uns metros à frente, construído de raiz numa casa antiga, de cariz tradicional, fresco e de cara lavada, onde o ambiente é tipicamente portuense e os clientes também. Nas visitas que fiz nunca vi o espaço atolhado de turistas, como outros sítios que já não se conseguem safar. Lá estava o pernil a ser fatiado, a torradeira a tornar o pão estaladiço, o sr. César a tirar a casca ao queijo.
Mas eu fui lá pela Francesinha à Guedes…
Pedi-a depois de um caldo verde um bocadinho salgado e mal chegou houve duas coisas que me surpreenderam: O molho escuro e leve e a carcaça de um pão torrado em vez do tradicional pão de forma. Não foi preciso muito tempo para descobrir que a Francesinha à Guedes foi criada a partir da sande de pernil. Ao petisco clássico foi adicionado o queijo fatiado em cima e o ovo estrelado, a linguiça e a salsicha fresca que parecem vir da casa Leandro (e se não forem, são muito boas na mesma) e a carne a fazer lembrar a receita original da francesinha, que é com carne assada. Neste caso com o sabor do pernil, tão clássico do Guedes. A colar o topo do pão à carne, uma “moeda” de queijo de ovelha, que mostra presença mas que não incomoda quem não aprecia. Há o cuidado das batatas fritas serem frescas e acabadas de cortar e absorverem bem o molho, leve e fresco, para o qual a dose inicial não chega, como em qualquer Francesinha que se preze. É uma francesinha muito bem construída, leve e cheia de sabor, com uma vincada personalidade “Guedes”.
Fiquei maravilhado com o resultado final porque é mesmo possível ter o melhor dos dois mundos nesta criação. Não a espero ver no Primavera Sound, mas Francesinha da casa Guedes é das que vão dar que falar daqui para a frente!