Na estreia absoluta em território nacional, os Poliça encheram a Sala 2 da Casa da Música de um público interessado e apreciador, mas não foi um concerto de encher a alma.
Aliás, como disse um amigo deste vosso devoto escriba, “falta-lhes alma”! As composições são agradavelmente intrincadas e de melodias maviosas, mas falta-lhes alma em palco.
De facto, a banda em palco tem um coração enorme, mas falta-lhe alma. O baixo e as duas baterias dão um coração enorme à coisa, mas a alma não floresce…
A voz delico-doce de Channy Leaneagh perpassa por todo o concerto num registo demasiado uniforme, quando devia ser o adubo para que a alma florescesse. Por detrás da voz e das programações, bate um coração gigante pelas mãos de Chris Bierden (baixo) e Drew Christopherson e Ben Ivascu (bateria). No entanto, falta algo… alma!
O quarteto norte-americano foi à sala de visitas do Porto para apresentar o seu mais recente e quinto álbum de originais, «When We Stay Alive», lançado já este ano.
O grosso da actuação saiu do novel disco, mas outros temas, como um remix de «Dark star», «Warrior lord» ou «Trash in bed», entre outros, deixaram a marca do que é a história criativa dos Poliça.
O público feminino vibrou com o que Channy e seus pares espalhavam a partir do palco, e que em muitos momentos pediu dança.
De «When We Stay Alive» só não se ouviu um tema («TATA»), tendo o quarteto de Minneapolis construído um alinhamento que intercalou os novos com os mais antigos, numa harmonia constante.
Channy Leaneagh é de meneio fácil, sedutor e contagiante, mas a sua voz maviosa sai prejudicada pela constância do registo. Tal como as músicas, que precisam de uns remates mais efectivos.
Apesar de tudo o público gostou e a banda, já no encore, soube fazer a festa. Primeiro, acompanhados por Dustin Zahn, que protagonizou a primeira parte, os Poliça encerraram a apresentação do novo álbum, com «Little threads», para fecharem com um dos seus êxitos do disco de estreia («Give You The Ghost», de 2012), o festivo «Wandering star».