Foi uma delícia a actuação dos norte-americanos Widowspeak, uma hora de uma espécie de encantamento que redundou numa paz de espírito fantástica.

Sempre numa toada morna, sem grandes agitações e com uns crescendos de deixarem água na boca, os Widowspeak criaram no Auditório CCOP uma paisagem sonora de uma beleza incrível.

A maviosidade da voz de Molly Hamilton faz o ouvinte levitar, enquanto da guitarra de Robert Earl Thomas saem verdadeiras peças de arte sonora. Bem, a qualidade de todos os músicos – o duo fez-se acompanhar por um baterista, um baixista e um teclista – foi outro elemento determinante na elevada qualidade do concerto.

A sonoridade, de sabor tipicamente norte-americano, não cresce muito em ritmo, mas mais em intensidade, sempre com a guitarra de Robert por guia e a voz doce de Molly a iluminar o caminho por paisagens abertas e luminosas, onde chove serenidade e sopra beleza.

Sentia-se uma espécie de paz de espírito a invadir a sala do CCOP, na plateia imperava um silêncio sepulcral e os corpos que àquilo assistiam meneavam ao ritmo sossegado das músicas que se sucediam.

Do novo álbum saiu «The jacket» para abrir uma actuação que entremeou os temas do novíssimo «The Jacket» (2022), como ainda «True blue», «While you wait», «Everything is simple» (com direito a repetição no encore), «Slow dance» e «Forget it», e de álbuns passados como o epónimo Widowspeak» (2011), do qual se ouviram «Gun shy» e «Harsh realm», ou «Plum» (2020), de onde saíram «Good ones» e «Plum».

No entanto, a banda nova-iorquina passeou pela sua discografia, repescando também temas de outros álbuns e EP, oferecendo ao público – que Molly não se cansou de elogiar pelo silêncio respeitoso que demonstrou em todo o concerto – temas como «The Drive», «All Yours», «Bread» e «Money».

Um concerto que tinha tudo para correr mal, mas que acabou por ser um momento de encantamento miríade… dedilhado suavemente nas guitarras.