Os alemães Meute são uma daquelas bandas que ao vivo não falha, a festa é garantida, com sonoridades que vão da autêntica poesia sonora ao techno. E o Porto foi, mais uma vez, prova viva disso.
Dançar é obrigatório porque a secção rítmica não dá descanso e o raio do xilofone parece entrar na corrente sanguínea de quem ouve, tornando os corpos verdadeiras bolas pinchonas. É impossível ficar indiferente. Depois, a secção de metais faz o resto e instala o bailarico.
No Coliseu do Porto, onde subiram a palco no dia 10 de Maio, a predisposição do público era total. Depois tudo ganhou contornos de festa rapidamente, porque a interacção dos 11 músicos (qual equipa de futebol repleta de avançados) com o público é constante e a empatia da plateia é imediata e total. Aliás, houve alguns momentos de… alguma histeria. Nada de transcendente, mas houve.
O colectivo germânico misturou os temas do novo álbum, «Taumel», editado em 2022, com algumas das suas verdadeiras pérolas musicais, mas não se notou grandes oscilações na dinâmica do concerto, a não ser na mais ou menos efusiva reacção da plateia, consoante os temas fossem mais conhecidos ou mais recentes.

O concerto desenrola-se entre as construções do conjunto e os diferentes solos em que todos os músicos acabam por ser protagonistas.
A actuação na cidade Invicta arrancou com «Nostalgia drive», do mais recente álbum, que deu logo o mote do que seria a noite, logo (as)segurada com os bem conhecidos e mexidos «Slip» e «Holy Harbour».
Mais uma música do novo álbum, no caso «Peace», depois ouviu-se «Acamar» e o Coliseu ficou ao rubro quando os Meute apresentaram «Hey hey», dos poucos temas da banda com voz, e que o público presente cantou o refrão em uníssono, em jeito de catarse.
A esta altura o Coliseu do Porto já era uma imensa pista de dança… e a banda não dava descanso! Pena apenas o ressoar do som no fundo da sala, que em alguns momentos se tornou incomodativo.
Entre constantes crescendos rítmicos e frequentes investidas dos metais, a animação voltou a estar em alta com a versão do tema dos Disclosure (feat. Eliza Doolittle), que voltou a arrebatar a plateia. Mais dois temas de «Taumel», desta feita «Slow Loris» e «Infinite», entremeados por «Araya».
E porque de uma “techno marching band” se trata, os Meute protagonizaram um solo a seis mãos, um momento único e especial, para toda a banda prosseguir com o intenso e deslumbrante «What else is there». Seguiu-se «Kerberos» e «Ticino», a última a ouvir-se do novo álbum.
O regresso ao palco deu-se com o mais recente tema dos Meute, «Sail», editado já este ano, a que se seguiu o inebriante «Think twice», com o remate a ser feito com o explosivo «Rej», que acabou com o concerto e por deixar o público com água na boca. Ah, aquele xilofone saltitante!
Pouco mais de uma hora profundamente revigorante, de constante apelo à dança e que, de certa forma, lavou a alma. Soberbo, apesar de não ter sido a melhor prestação que este vosso escriba já assistiu deles.