Querem festa? Chamem os Meute!
O nome deste colectivo alemão de 11 músicos remete para uma espécie de turba, algo como um grupo de gente com comportamento de multidão, mas diz-vos este vosso escriba que de irracional os Meute não têm nada.
Entre percussão e metais, a festa surge como que do nada, instala-se de forma contagiante e não larga. É uma espécie de desassossego, uma inquietação que apenas a sonoridade consegue acalmar interiormente, porque o corpo necessita de exteriorizar a energia que a música impinge.

É como se cada nota, cada acorde, cada som estimulasse, não apenas neurónios, mas também todos os músculos e tendões do corpo de quem assiste.
Traduzir para palco, através de uma marching band, o que muitos deejays debitam é obra que exige mestria e os Meute têm-na. E com ela conseguem, de forma brilhante, dar novas roupagens a temas de outras bandas e deejays, mas também oferecer originais excelentes.

As baterias, o bombo, os saxofones, os trompetes, a tuba e o extraordinário xilofone enchem o palco (e até plateia!) pelo número de músicos e, essencialmente, pela sonoridade.
A festa no Hard Club foi imediata. O entusiasmo e a expectativa eram grandes. A fama destes alemães de sangue quente e cheios de swing precede-os e o rótulo de techno marching band é um excelente cartão de visita.

E aos primeiros acordes de «Unfolding», do novo álbum «Puls», já deste ano, foi o aquecimento necessário para o que seria um autêntico festim.
E se dúvidas existissem, depois de mais uma do novel disco, no caso o original «Endling», quando se ouviu «The man with the red face», original de Laurent Garnier, a plateia transformou-se definitivamente numa imensa pista de dança e o público teve a certeza que o céu era o limite naquela noite.
O festim prosseguiu com a apresentação de «Puls», mas também com outros temas já editados, como «Slip», «Rej» ou «Araya».

O encore arrancou com «Panda» e os músicos no meio da plateia. Com o Hard Club já ao rubro, aquele foi um momento de partilha e interação, mas sobretudo de catarse musical, como se todos estivessem num carrossel sensorial. Extraordinário!
O público esteve sempre completamente rendido a uma banda excelente e que tem a capacidade de fazer a festa de uma forma descomprometida e agradavelmente orgânica.