Entre o Outono de 2018, aquando da estreia dos Whispering Sons no Porto, e o Outono de 2024, nesta sua última passagem pelo Hard Club, a grande diferença é que, no primeiro, traziam o primeiro álbum («Image») e ainda o brilhante EP de estreia («Endless Party») na bagagem e, agora, carregam o terceiro longa-duração («The Great Calm»), que mais do que uma grande calma foi um valente desassossego.
Os belgas, que fazem um pós-punk de cara lavada e de grande qualidade, têm na voz e na postura de Fenne Kuppens e na guitarra de Kobe Lijnen os seus grandes trunfos, obviamente, para além das canções.
Com álbum novo, não foi de estranhar que o esqueleto do concerto fosse «The Great Calm». E a apresentação iniciou-se logo ao primeiro tema, com o envolvente «Balm (after violence)», a que se seguiu «Something good», com a banda e Fenne Kuppens a mostrarem logo ao que iam.
Pequena pausa no novo disco, mas não no caminho ascendente que a coisa estava a seguir. Lá de trás ouviram-se, então, «Surface» e «Satantango», o novel «The talker» e o fortíssimo «Hollow», do álbum de estreia.
Depois foi uma inquietação, sempre guiada pela guitarra de Lijnen e pelo desassossego de Fenne, com um desfiar ininterrupto de cinco temas do novo álbum, num contínuo crescendo de intensidade, sossegado apenas em «Cold city». Foi quando se ouviram ainda «Poor girl», «Still, disappering», «Standstill» e «Dragging».
Mas a coisa não ficou por ali, porque após uma breve ida ao passado, com o fabuloso «Alone», Fenne Kuppens e seus pares encerraram o concerto com grande calma, mas de forma veemente e bastante enérgica, com «Walking, flying» e ainda «Try me again».
Em palco, no passado dia 8 de Novembro, esteve uma banda mais madura, mais segura de si e com composições mais bem feitas, comparativamente ao grupo de debutantes de 2018.
Grande concerto, de uma banda que vem dando passos seguros, não desvirtuando a sua essência e apresentando-se com mais qualidade, tanto musical como performativamente.