InícioCulturaEspetáculos10ª edição do GUIdance prossegue até 16 de fevereiro com 7 espetáculos

10ª edição do GUIdance prossegue até 16 de fevereiro com 7 espetáculos

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Decorridas as apresentações de Tânia Carvalho, Vera Mantero e Jonathan Uliel Saldanha, Joana Castro e Akram Khan Company com várias salas esgotadas, a segunda e derradeira semana da 10ª edição do GUIdance prossegue com as criações da Compagnie Marie Chouinard, Marlene Monteiro Freitas, Sofia Dias & Vítor Roriz, Elizabete Francisca, Fernanda Fragateiro e Aldara Bizarro, Naïf Production e nova aparição de Vera Mantero, coreógrafa em destaque que abre esta segunda vaga de espetáculos já esta quarta-feira. Até 16 de fevereiro, em Guimarães, a programação do Festival Internacional de Dança Contemporânea segue o seu caminho por entre espetáculos, masterclasses, debates, talks e ensaios abertos para as escolas, com o Centro Cultural Vila Flor (CCVF) como principal base de operações, passando pelo Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) e alargando-se ao pela cidade de Guimarães. Os bilhetes para os espetáculos, bem como as assinaturas do festival (para 3 ou 5 espetáculos à escolha), encontram-se disponíveis em www.guidance.pt

Através da inesgotável força criativa da mulher, a 10ª edição do GUIdance liga a história do festival à história da dança contemporânea portuguesa para deixar tudo num novo ponto de partida e nos questionarmos em relação ao lugar para onde nos dirigimos, propondo-nos um lugar de energia vital, onde se imagina ter havido um grande clarão de luz momentos antes da origem da criação da peça de todas as peças: A Sagração da Primavera, coreografia consagrada na história da dança do século XX. Marie Chouinard, que em 2003 abraçou esta peça na companhia do Ballet Gulbenkian, revisita agora esta marcante criação que será apresentada Centro Cultural Vila Flor (CCVF) este sábado, 15 de fevereiro. Com mais de 40 anos de carreira, a bailarina e coreógrafa canadiana assinala, assim, a sua estreia no GUIdance com duas peças particularmente significativas do seu repertório: A Sagração da Primavera (1993) e HENRI MICHAUX: MOUVEMENTS (2011).

Contrariamente a muitos coreógrafos, Marie Chouinard construiu a sua Sagração da Primavera em torno de solos. Procurando despertar a força dos movimentos na misteriosa intimidade de cada bailarino, Chouinard combina o profundo respeito pelo corpo com o desejo de transgredir as suas possibilidades. HENRI MICHAUX: MOUVEMENTS, a outra coreografia deste programa, é inspirada no livro de Henri Michaux, publicado em 1951, com poemas e desenhos a tinta da China, que a criadora decidiu descodificar para criar movimentos em palco protagonizados pelos corpos de 9 bailarinos vestidos de negro. Dois trabalhos amplamente reconhecidos pela crítica com referências como “a energia é explosiva, instintiva” sobre o espetáculo A Sagração da Primavera (Seattle Met, 2013) e “o trabalho de Chouinard foi inovador e hipnótico” sobre o espetáculo HENRI MICHAUX: MOUVEMENTS (Pittsburgh Dance Examiner, 2013).

A icónica coreógrafa portuguesa Vera Mantero, cujo trabalho já percorreu vários continentes, é figura em destaque desta edição que assinala os 10 anos do festival. Depois de apresentar em estreia nacional o seu Esplendor e Dismorfia em colaboração com o construtor sonoro e cénico Jonathan Uliel Saldanha na primeira leva de espetáculos deste GUIdance, Vera Mantero surge novamente esta quarta-feira, 12 de fevereiro, para abrir a segunda semana do festival com Os Serrenhos do Caldeirão, exercícios em antropologia ficcional , criação de 2012 em que se debruça sobre a desertificação e a desumanização da Serra do Caldeirão, no Algarve. O resultado é uma peça povoada de vozes que vêm de longe. Cruzando as suas próprias imagens vídeo com as recolhas em filme do antropólogo Michel Giacometti, Vera Mantero lança um forte olhar sobre as práticas de vida tradicionais e rurais, os conhecimentos das culturas orais de norte a sul do país, e também as de outros continentes – como os índios da América do Sul, referidos por Eduardo Viveiros de Castro – num retrato alargado sobre os povos que possuem uma sabedoria na ligação entre corpo e espírito, entre quotidiano e arte. Uma sabedoria que podemos (e devemos, para nosso bem) reativar. 

Bacantes – Prelúdio para uma Purga eleva-se no palco maior do CCVF a 13 fevereiro pela mão da coreógrafa Marlene Monteiro Freitas. Nesta tragédia grega de Eurípides percorre-se o delírio, o irracional, a histeria, a loucura, vai-se da ilusão à cegueira e da cegueira à revelação. Manifestam-se a ferocidade e o desejo de paz, a selvajaria e a aspiração a uma vida simples e pacífica. Direções opostas e contraditórias, elementos que chocam numa ambiguidade extrema, corpos que se desmembram, estatutos sociais colocados à prova, fé e crenças testadas ao limite. Eis o mundo, moral e estético, que Marlene Monteiro Freitas nos incita a percorrer neste seu regresso aos palco do GUIdance. Música, dança e mistério conduzem-nos quão funâmbulos sob o fio da intensidade, num combate de aparências e dissimulações, polarizado entre os campos de Apolo e Dionísio.  
 

O que não acontece manifesta-se no GUIdance a 14 de fevereiro através da dupla de criadores portugueses com larga história colaborativa: Sofia Dias & Vítor Roriz. A coexistência de palavras e movimento é uma das questões centrais neste trabalho da dupla de coreógrafos e bailarinos, que aqui leva ao extremo a tensão existente entre os dois. Tudo começa com um espaço vazio que progressivamente se enche de palavras e gestos, num fluxo descontínuo que se constrói tanto pelo que diz quanto pelo que deixa de dizer. No final de tudo, o que parece sobressair na massa de palavras, ideias e imagens em movimento, é o desejo de estar em relação e de construir um espaço comum. Acolhedor e igualmente perigoso.


A segunda semana do GUIdance revela-nos, ainda, na tarde de 15 fevereiro, a estreia absoluta de Dias Contados de Elizabete Francisca – criadora que conta com uma residência artística em Guimarães prévia à estreia no festival. Nos Dias Contados de Elizabete Francisca, o imaginário transporta-nos para Lisboa mas podia ser outra grande cidade, cujas transformações socioeconómicas radicalizam a vida das pessoas – em particular as mulheres – e nos obrigam a refletir e a repensar modos de vivência, de resistência e de insurreição. Dias Contados põe em palco Elizabete Francisca e Vânia Rovisco, dois corpos-escultura, corpos-ação, que através de gestos, imagens e palavras, restituem um olhar sobre a conceção de comunidade, território e pertença. 

A programação com um foco especial nas famílias, embora dirigida a todos, está reservada para os dias 15 e 16 de fevereiro, sempre às 16h00, com Caixa para Guardar o Vazio, instalação da autoria de Fernanda Fragateiro com coreografia de Aldara Bizarro, e Des gestes blancs da Naïf Production, criação de Sylvain Bouillet com dramaturgia de Lucien Reynès. Composta por madeira, espelho, aço, e um tapete de algodão negro, Caixa para Guardar o Vazio é uma escultura, mas também um lugar para explorar com o corpo e com todos os sentidos, num processo de descoberta individual ou coletivo, num atelier performativo especialmente pensado para as crianças, proporcionando-lhes um papel ativo e criador. No espetáculo Des gestes blancs, Sylvain e Charlie Bouillet, pai e filho de 8 anos, exploram um relacionamento altamente físico e emocional. Juntos, rodopiam, giram, pulam e equilibram-se. Encontram obstáculos que precisam de ser superados e apoiam-se em bases de confiança mútua. E assim como o filho segue os passos do pai, também o pai imita o filho. É uma jornada de descoberta tanto para o adulto, como para a criança atrevida.

Também imprescindíveis, as atividades paralelas do festival prosseguem ao longo dos próximos dias oferecendo a profissionais e alunos de dança nível avançado a oportunidade de contacto com alguns dos mais importantes e celebrados coreógrafos internacionais através de masterclasses (com Compagnie Marie Chouinard, 16 de fevereiro); debates moderados por Cláudia Galhós sob o mote “Pensar, Sentir, Dançar” (15 de fevereiro); conversas pós-espetáculo que marcam encontro de criadores com o público após os respetivos espetáculos, para um momento de proximidade descontraído e interativo; os embaixadores da dança que levam coreógrafos que se apresentam no festival a partilhar o seu percurso, a sua experiência de vida e as suas visões artísticas em contexto de sala de aula, sendo esta uma visita devolvida depois pelos alunos, para assistirem ao espetáculo do criador que com eles estabeleceu um sentido de partilha; e ainda ensaios abertos para escolas de dança de Guimarães que, durante o GUIdance, são convidadas a assistir aos ensaios das companhias presentes no programa, seguidos de uma conversa com Cláudia Galhós. 

Os bilhetes para os espetáculos, bem como as assinaturas para 5 ou 3 espetáculos (à escolha) pelo valor de 30 euros ou 20 euros, respetivamente, já podem ser adquiridos nas bilheteiras do Centro Cultural Vila Flor (CCVF), Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), Casa da Memória de Guimarães (CDMG) e Loja Oficina (LO), bem como online em www.ccvf.pt

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