Expectativas
As minhas expectativas para o Grande Trail da Serra D’Arga eram muito altas. E passo a explicar porquê. O Carlos Sá, mentor e organizador desta prova, tem muita experiência de provas feitas por todo o mundo, é exigente como pessoa (porque já o conheço há alguns anos) e somando às belíssimas paisagens que iamos encontrar não podia esperar outra coisa. E claro que não me enganei.
A preparação
Confesso que era minha intenção fazer a melhor preparação possível para a prova que escolhi, ou seja, 20 kms. Mas tenho que admitir que a minha preparação ficou aquém cinquenta por cento. Por questões laborais não me foi possível fazer exatamente o treino que eu idealizei. E sofri por isso.
Fazer o treino em grupo das terças-feiras com o grupo All About Eventos, que parte sempre da loja Runners, na Rua Santos Pousada. Temos feito corridas muito interessantes com subidas e o facto de não correr sozinho ajuda a contornar a dor.
Treinar sozinho, desenhando os meus próprios percursos. As cidades do Porto e de Gaia têm percursos a subir, porque em plano naturalmente que têm, bastante interessantes e que ajudam a treinarmos as subidas. Escadas da Alfândega, das Freiras, rampa ZXXXXXX, da Corticeira, da Afurada, Rua General Torres, subida da Galiza até ao Marquês, subir as escadas do estádio do Dragão… enfim. Já para não falar nas retas, de 20 kms cada.
Treino com amigos na Serra de Valongo. Este é um treino que não tem nada que ver com o treino feito na cidade. Por muito que possamos subir escadas, nada se compara a treinar no monte, na serra. Fiz um ou dois em Valongo com amigos e correu sempre muito bem. Mas preciso de mais treinos destes. Porque o trail é isto, corrida no monte!
Outra coisa que fiz foi ver vídeos de trail. Vi os melhores a correr. Da Salomon, o espanhol Kilian Jornet ou Emelie Forsberg têm muitos videos na internet onde podemos ver desde apenas corridas ou alguma da preparação que fazem. Acreditem que aprendo muito, naõ só pelo que vejo como correm mas também sobre o que dizem. Vi vários vídeos do nosso português Carlos Sá que tem sabido trabalhar a sua imagem. E que está agora a lançar o respetivo canal no Youtube.
A prova
28 de setembro, dia da prova. Devo dizer que no que diz respeito à minha pessoa e do que vi, correu tudo bem. Não contava com o nervoso miudinho que se apoderou de mim a uma hora da prova. Eu a Cláudia e o Nuno lá fomos. Partimos do Porto eram 06h30 rumo a Dem. A viagem correu bem. Apanhamos apenas dois aguaceiros e muito curtos. Chegados a Dem, juntamo-nos ao Rogério que acabou por fazer 20 kms.
E até ao tiro de partida foi só conviver. Para mim, este foi um dos momentos mais importantes do dia. É um momento de descontração, divertimento, partilhar experiências e também de reflexão. Como é bom estarmos com amigos e conhecidos, conversarmos, tirarmos fotos… por falar em fotos, tive uma excelente experiência com a máquina Garmin Virb Elite, que me foi cedida pela marca para testes. E o que dizer? É muito simples utilizá-la e tira fotos e faz filmes com muita qualidade. Apesar de não me ter chegado o acessório para a colocar na cabeça ou peito, lá consegui utilizá-la mais ou menos como queria. O pequeno ecrã que a máquina tem é mais que suficiente para nos orientarmos e ver para onde está apontada. Após ligar a respetiva, tudo é muito fácil. Ativo do lado esquerdo o botão para gravar video ou então aperto o botão da direita para tirar fotos. Tudo com excelente qualidade e muito prática.
Chegamos a São Lourenço da Montaria em autocarro que nos levou de Dem. Tudo mais ou menos à hora marcada e sem grandes stresses. Ai fizemos a confirmação do material obrigatório com a organização. Camelbak marca branca da Dechatlon, que tem servido lindamente e mais a mais foi comprado numa promoção, manta térmica também da Dechatlon, impermeável da mesma marca, apito, telemóvel e está feito. Salientar que para esta prova utilizei umas sapatilhas Salomon XR Mission que me deixaram surpreendido, mas mais à frente digo porquê.
10 horas da manhã e é dado o tiro de partida. O tiro não mas a contagem crescente. O mote foi dado pelo próprio Carlos Sá, juntamente com todos os atletas. Foi bonito o momento. E ai fomos nós.
A prova II
A prova de 20 kms teve duas partes. A primeira parte foi soberba em termos de paisagem. Passamos por muitas lagoas, muitos riachos, tudo muito verde. Confesso que já tinha sido avisado que iria ver esta paisagem! Vi alguns bombeiros em zonas com mais perigo, mais íngremes. E mais ou menos ao km 6 aqui o escriva ia dando um tombo que nem é bom lembrar. Estou eu a saltar um socalco quando o meu pé direito é travado por um ramo que estava escondido no chão. Inesplicávelmente consegui rapidamente colocar o pé no chão antes de cair. Já todos diziam “ahaaaaaaaaaaaaaiiiiiiii”. Como é que não cai? Não sei.
Depois de um ponto de água, preparado pela organização, começamos a subir. Continuamos com muita vegetação mas depois foi monte puro e duro. Até que chegamos ao abastecimento própriamente dito. Coca-cola, bolo, batatas fritas, bebida isotónica (penso que era), laranjas e mais algumas coisas que não cheguei a tomar. Este abastecimento veio mesmo a calhar. Primeiro porque já estavamos a correr à sensivelmente 12 kms, depois pelo que veio a seguir.
A seguir veio monte, muito monte, monte que nunca mais acabava. E sempre a subir, subir, subir, subir. Por momentos passou-me pela cabeça as imagens que vi no youtube sobre provas lá fora. Paisagem espetacular e no meio do monte. Outra coisa a sublinhar foi o facto do percurso estar sempre bem sinalizado. Nunca deu para nos perdermos.
Depois de feita toda a subida, é hora de descer. E aqui surpreenderam-me as minhas sapatilhas. Em momento que tive de descer por grandes calhaus, bastou-me andar sobre eles nas descidas que nunca escorreguei. As sapatilhas como que se colavam às rochas. Fiquei admirado! Salomon XR Mission são brutais!
A descida foi bastante grande até ao final. Estava eu a chegar às quatro horas de prova. A meta esteve com bastante gente a apoiar-nos no tapete vermelho que nos esperava. Na meta voltei a abastecer-me porque o cansaço era tremendo. E aqui salta à vista aquela preparação que eu queria ter e não consegui ter. Doeu, cansei-me muito, caminhei mais tempo do que queria. Deu para pensar no futuro, no que quero mesmo fazer. E está decidido, é trailrunning.
Por fim, nada melhor que um bom banho, em instalações disponibilizadas pela organização, depois de 20 kms e bastante lama à mistura.
Ficou a promessa de voltar em 2015 mas agora para uma distância mais longa.
E o que fica para a história? Os vencedores! André Rodrigues (05h09m18s) e Ester Alves (05h58m47s) bateram a concorrência na distância de 53 kms, Amândio Antunes (03h12m45s) e Maria Moura (04h12m14s) venceram na distância de 33 kms e quem conquistou o primeiro lugar na distância de 21 kms foram Asdrúbal Freitas (01h53m43s) e Maria Areias (02h22m59).
Fotos e vídeos produzidos com:
