Arrancou a edição 2025 do festival Vodafone Paredes de Coura e, logo ao primeiro dia, uma inusitada enchente povoou por completo, e mais além, o anfiteatro natural da música, junto ao rio Coura.
Música de massas teve o efeito desejado pela organização, porque o público acorreu em massa, muito por culpa da francesa Zaho de Sagazan e os norte-americanos Vampire Weekend.

O arranque, ao som dos também norte-americanos Being Dead, foi morno, com os melómanos a deixarem-se ficar um pouco mais pelo rio, tal era o calor que se fazia sentir em Paredes de Coura. Surf rock bem interpretado, engraçado, mas não mais do que isso.

O ‘tuga’ Samuel Úria abriu o Palco Vodafone já com uma plateia um pouco mais composta, e logrou agitar o público, com alguns dos seus temas mais conhecidos, mas ainda era o calor quem mais ordenava.

A londrina Nilüfer Yanya apresentou um concerto bem trabalhado, muito com base no seu mais recente álbum, «My Method Actor» (2024), conquistando o público com facilidade com a beleza das suas composições.

Já mais à noite, após uma pausa para refrescar e jantar, enquanto uns certos artistas se exibiam, o regresso foi com a gaulesa Zaho de Sagazan, o novo prodígio da canção francesa. Saltou para os ouvidos de toda a gente com uma versão de «Modern Love», original de David Bowie, mas foi com o seu álbum de estreia, «La Symphonie des Éclairs», que a jovem de 25 anos (parece ainda mais nova) se afirmou no seu país e não só.

Uma pop pseudo-erudita que pisca os dois olhos à pista de dança, uma performance intensa e de grande interacção com o público e uma vontade imensa deste para se agitar compuseram a actuação da francesa, provavelmente, a melhor da noite.

Sim, depois, ainda houve os Vampire Weekend que voltaram a lançar a festa junto à Praia Fluvial do Taboão, com o seu som fresco e animado, que dificilmente deixa alguém sem, pelo menos, bater o pé. Com um intenso jogo de luzes e uma pequena encenação com uma cortina na frente do palco, os norte-americanos fizeram muita gente, por momentos, esquecer o aperto em que estavam metidos!

Capícua foi a habitual activista, transformando o concerto num autêntico comício, agitando o público com as suas palavras de ordem feministas.

Calor e demasiada gente é uma mistura explosiva, que, ao que parece, tem tendência a agravar-se com o aproximar dos dias finais do festival. Em resumo, como disse um amigo a este vosso escriba: “Em noite de soninho, ganhou quem acordou… o público”.
Hoje há mais, mas não há Maruja, que serão substituídos pelos portugueses Travo, que há dois dias tocaram no Sobe à Vila.