O segundo dia do Festival Vodafone Paredes de Coura 2023 foi, de certa forma, estranho, perante a diversidade de estilos musicais que passaram pelos dois palcos. Na celebração de 30 anos de rock no Taboão, foram os veteranos The Walkmen e The Brian Jonestown Massacre que acenderam o verdadeiro espírito de Coura.
The Walkmen foram tão competentes quanto emotivos e com isso agarram bem o público, definitivamente menos numeroso do que em outros anos. Esperemos por hoje e amanhã para tirar todas as dúvidas, no entanto, o recinto proporciona mais conforto ao público, mas, certamente, menos à organização.

Reunidos, novamente, desde final de 2022, a banda nova-iorquina voltou à estrada uma década depois e mostrou-se em forma.
Temas de sempre, como «Dónde está la playa», «The Rat», «On the water», «Juveniles» ou «138th street», mas ainda «Blue as your blood», «Canadian Girl», «Little House of Savages», «Heaven» ou «We’ve been had», entre outros, formaram a banda-sonora da actuação de Hamilton Leithauser, para delícia da plateia.
Momentos antes, igualmente no Palco Vodafone, The Brian Jonestown Massacre já tinham preparado o público, que no segundo dia teve poucas hipóteses de rockar à séria.

A banda norte-americana, liderada por Anton Newcombe, na guitarra, formou-se três anos antes do Couraíso nascer e tem feito um percurso rock muito interessante e que levou muita gente até ao anfiteatro ainda a noite não tinha caído.
Entre os seis músicos em palco, em muitos momentos, entre os quatro guitarristas contavam-se 48 cordas cujo resultado é deslumbrante. Rock americano, sem agressividades extremas e com a impressionante prestação de Joel Gion na… pandeireta! O concerto vale pela sonoridade e pela quase imóvel, mas absolutamente expressiva de Gion.
Mas o dia começou muito bem e em português. A Garota Não abriu as hostilidades no Palco Yorn, lamentando não ter tempo para se apresentar como gosta, devido à limitação, normal, dos concertos nos festivais.

Cátia Oliveira, de seu nome, fez-se acompanhar por dois músicos e deliciou a plateia, bastante numerosa logo às 18h00, com temas do seu álbum de estreia «2 de Abril», mas não só.
Fazendo música de intervenção do século XXI, A Garota Não é uma lufada de ar fresco no panorama nacional, sabe passar mensagens com substância.
A noite ganhou outro brilho com a entrada de Fever Ray e a sua electrónica desconcertante.

O projecto de Karin Dreijer, dos The Knife, tem uma componente cénica muito forte e vive muito da expressividade da cantora sueca. A plateia rapidamente acedeu ao convite de Fever Ray e lançou-se na dança colectiva, enquanto Karin Dreijer, sempre de expressão provocadora.

«If I had a heart», «Kandy», «When I grow up» ou «Shiver» foram alguns dos temas que entusiasmaram bastante o público, nesta fase já muito ansioso por dançar.
Antes, o palco foi do hip-hop. O inglês Loyle Carner, acompanhado de banda (o que se saúda), foi assertivo, fez a festa, mas…

De resto, de Desire, Sudan Archives ou Tim Bernades não ficou muito para contar. Hoje há mais.

