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QOTSA brilham no NOS Alive, com Idles, Spoon, Puscifer e Jorge Palma em destaque

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A 15ª edição do NOS Alive teve pouco rock, mas o que teve foi de excelente nível, num conjunto de 123 espectáculos, do fado à comédia e com muita pop.

O público (ou melhor, os públicos) acorreu em massa nos três dias, atraídos pelos cabeças-de-cartaz de cada um dos dias, mas não só.

Seguindo um programa curto e específico, a partir de um cartaz em que o rock é, cada vez mais, residual – à semelhança do que se passa com a esmagadora maioria dos grandes festivais de música nacionais –, os Idles, no segundo dia, elevaram bem alto a fasquia, que só seria superada, no dia seguinte, pelo portentoso concerto dos Queens Of The Stone Age (QOTSA).

Josh Homme e seus pares foram grandiosos e o arranque com «No one knows» – que o público já havia cantarolado antes de a banda subir ao palco – colocou, logo à partida, toda a gente em polvorosa. E assim que se ouviram os endiabrados riffs de «My God is the Sun» os mosh pits nasceram em diversos pontos da plateia.

Aos riffs da guitarra de Troy Van Leeuwen, a secção rítmica respondia à altura com intensidade e coração, com o baixo de Mikey Shoes e a bateria de Jon Theodore a não darem tréguas a ninguém. A cama para esta gente toda era dada pelos teclados de Dean Fertita.

Por seu turno, Josh Homme exibiu-se em grande forma, empenhou-se extraordinariamente e, perante a prestação do público ao longo de toda a actuação, despedir-se-ia, no final, visivelmente emocionado e quase em lágrimas.

Entre outros temas, o concerto contou com pérolas como «The way you used to do», «Emotion sickness», «Little sister», «Go with the flow» – com Josh Homme a mandar abaixo de Braga quem lhe dizia que só podiam tocar mais uma música porque precisavam de preparar o palco para o espectáculo de variedades que se ia seguir e que teve como protagonista Sam Smith: “Fuck you, we gonna play two more!” – e, por fim, «A song for the dead».

O rock a dizer bem alto que não está morto, em mais um concerto extraordinário protagonizado pelos QOTSA.

Na véspera, o dia foi dos Idles, se bem que Linda Martini e, sem dúvida, Jorge Palma foram igualmente grandes.

O concerto dos britânicos Idles foi explosivo. A energia que a banda britânica tem em palco rapidamente passa para a plateia e foi ver o mosh pit crescer.

Arrogantes na intensidade com que tocam, foi de mão dada com o eufórico público que Joe Talbot e seus pares passaram pelo Palco NOS.

Logo no primeiro tema, «Colossus», a banda agarrou o lateia e esta abraçou a banda. Bem, logo aqui, o guitarrista Lee Kiernan desceu o palco e, enquanto tocava, fez crowdsurfing sobre o público… já em êxtase. E estava apenas a começar.

E como estes rapazes não sabem deixar ninguém sossegado, descarregaram o seu rock agreste e impetuoso sobre os milhares de pessoas que tinham pela frente… sem nunca baixar o ritmo.

«Car crash», «Mr. Motivator», «Mother», «I’m scum» foram as doses de nervo que os ingleses injectaram na plateia, prosseguindo o inebriamento musical com «Divide and Conquer», «Crawl!», Wizz», o incrível «The Wheel», «The Beachland balroom», «Never fight a man with a perm», o extraordinário «Danny Nedelko» – inevitavelmente com Mark Bowen a largar a guitarra para vir cantar nos braços do público –, terminando as hostilidades com os Idles a soltarem «Rottweiler».

Momento catártico, como é costume serem os concertos dos Idles, que foi uma verdadeira delícia!

A representação portuguesa no segundo dia teve dois momentos altos. Primeiro, com a prestação salpicada de «Errôr» dos Linda Martini, no Palco NOS, e depois, no Palco Heineken, com a maravilhosa actuação de Jorge Palma, sem dúvida, o maior escritor de canções português vivo.

O quarteto lisboeta foi igual a si próprio. Intensidade não falta, o que foi uma excelente primeira parte para os Idles, que quando chegaram já a malta estava quentinha.

Com menos agitação do que é habitual entre o público, André Henriques (voz e guitarra), Cláudia Guerreiro (baixo), Hélio morais (bateria) e Rui Carvalho (guitarra) pareciam tomados por espíritos, que acabaram por expiar através de temas como «Horário de Verão», «Boca de sal», «Amor combate», o brilhante e antifascista «E não sobrou ninguém» e, entre outros, «Cem metros de sereia», tema com que há muito os Linda Martini encerram os seus concertos de braços e vozes unidas com o público.

E antes de os cabeças-de-cartaz Arctic Monkeys subirem ao palco principal, Jorge Palma assinava uma actuação brutal no Palco Heineken.

Um concerto de Jorge Palma é uma experiência intensa, com banda-sonora de grande qualidade, fruto de canções de composição cuidada e líricas extraordinárias. No NOS Alive’23, o músico aproveitou para tocar três temas do novo álbum «Vida», lançado já este ano, por entre um conjunto de autênticos hinos, como são «Frágil», «Dá-me lume», «Cara d’anjo mau», «Portugal, Portugal», «Estrela do mar», «Encosta-te a mim» ou «Deixa-me rir», com o público a cantar em uníssono com Palma.

Apesar dos Arctic Monkeys estarem prestes a começar, a tenda permaneceu lotada até ao último acorde de «Picado pelas abelhas», derradeiro tema do concerto, que o público não queria que acabasse, mas… no outro extremo do recinto do Passeio Marítimo de Algés, a banda de Alex Turner começava a tentar convencer o público das qualidades do seu novo álbum. É que o entusiasmo da plateia varia muito entre os novos temas e outros mais antigos, como «I bet you look good on the dancefloor», «R U Mine?» ou «Fluorescent adolescent», entre outros.

Neste dia 2 do festival, nota ainda para o furacão de palco que é Girl in Red, alter-ego da norueguesa Marie Ulven Ringheim, que acabou o concerto na régie, onde chegou em crowdsurfing.

No dia inaugural da edição 15 do NOS Alive, cujo nome maior do cartaz eram os norte-americanos Red Hot Chili Peppers, os Spoon foram enormes, os The Black Keys a personificação rock e os Puscifer uma “lufada de ar fresco”!

Para este vosso escriba, o dia começou com o Homem em Catarse, no Palco Coreto, marcava o relógio qualquer coisa como seis da Afonso Dorido de guitarra na mão é um caso sério e, no final da tarde, o seu concerto foi bastante estimulante para o que havia de se seguir.

Sobre os cabeças-de-cartaz, dizer que, entre os milhares de pessoas que estavam no Passeio Marítimo de Algés, uma grande maioria estava ali, especialmente, para ver e ouvir os californianos Red Hot Chili Peppers, a avaliar pelo número de camisolas da banda eram envergadas pelos festivaleiros.

De resto, Anthony Kiedis e seus pares foram, acima de tudo, competentes, mostrando que quem sabe nunca esquece e dando aos fãs o que eles queriam ouvir. Por entre vários hits – sempre com Flea, no baixo, a manter a fasquia bem alta, no que foi acompanhado de forma pujante por Chad Smith, na bateria –, a banda entrou logo a abrir com «Can’t stop» e terminou em plena comunhão com a plateia com o inevitável «Give it way».

Antes, com a penumbra da noite a aproximar-se, mas ainda persistência da luminosidade diurna, os Puscifer foram «o» espectáculo.

A banda de Maynard James Keenan, conhecido vocalista dos Tool e A Perfect Circle, levou até ao Palco NOS o seu electro rock, de batida certa e forte e guitarras impactantes, que não deixa de piscar o olho à pista de dança, mas também toda uma encenação.

Para além de todos os elementos da banda parecem personagens saídas do filme «Man In Black» (fato e gravata negros e camisa branca), ainda passaram pelo palco uns extraterrestres e mais uns MIB. Foi «o» concerto do dia no sentido holístico do espectáculo, porque, musicalmente, os Spoon foram os mais extraordinários do dia de arranque. E que concerto!

Já o recinto assistia à debandada geral, após o concerto dos Red Hot Chili Peppers, quando os Spoon subiram ao Palco Heineken. Rapidamente a tenda se encheu de um público ávido de um rock mais veemente.

Foi o que a banda liderada pelo irrequieto Britt Daniel ofereceu ao público, num registo crescente de energia que cativou a plateia.

«Inside out», «The underdog», «The way we get by», «You got yr. Cherry Bomb», «Got nuffin», «I turn my camera on» ou «Rent I pay», entre outros temas, preencheram o imaginário de quem assistiu.

Mas a história do primeiro dia não ficaria completa antes de falar do concerto cerebral dos The Black Keys. Com a maioria do público à espera dos Red Hot Chili Peppers, a ligação entre o palco e a plateia foi um pouco difícil. No entanto, há que dizer que o duo norte-americano esteve em alto nível, debitando rock forte para o público.

Na guitarra, Dan Auerbach foi desafiador e muito explosivo, enquanto Patrick Carney, na bateria, se mostrou sempre pujante na batida. Apesar de alguma frieza no seio da plateia, o concerto dos The Black Keys foi um momento de grande rock.

Nota ainda para alguns concertos que, durante os três dias, suscitaram bastante interesse, como os de Tash Sultana, Jacob Collier, Men I Trust, Ibibio Sound Machine ou Angel Olsen.

O Palco Comédia continua um sucesso junto do público, com muitos dos humoristas a optarem por registos musicais, actuando com banda. Tenda sempre cheia de público e de gargalhadas é a marca deste palco.

Para além do Palco Fado, algo sempre desenquadrado do restante festival, houve ainda uma série de espectáculos de variedades, com os exemplos maiores a serem Sam Smith e Lizzo.

Para o ano há mais, com o Passeio Marítimo de Algés a receber mais uma edição do NOS Alive nos dias 11, 12 e 13 julho.

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