
Os lisboetas Paus passaram pelo Porto, mais concretamente pelo Plano B e fustigaram alegremente todos os que ali assistiram ao concerto… ainda de apresentação do seu quinto álbum de originais, intitulado «YESS», que viu a sua exibição ao público fustigada pela pandemia. Mas já dois dias antes, os franceses Karkara também passaram pela Invicta e agitaram a plateia do Ferro Bar, mas em tonalidades mais escuras do que os portugueses.
Mas comecemos pelo concerto dos Paus e a fustigação que foi ao longo de mais de uma hora. Diz o dicionário que fustigar significa, entre muitos outros significados, “bater ou açoitar com vara” ou “espicaçar”. Do latim fustigāre, que significa “açoitar com fuste” e tem tudo a ver com a actuação do quarteto lisboeta. É que fuste, entre muitos outros significados, é também “corpo principal do bombo e do tambor” e muito da música dos Paus está naquelas baterias, gémeas siamesas unidas umbilicalmente pelo… bombo.

Hélio Morais e Joaquim Albergaria, na bateria, Makoto Yagyu, no baixo, e Fábio Jevelim, nos teclados, subiram ao palco do Plano B assertivos e, desde início, a mostrar ao que iam.
«Sebo na estrada» abriu as hostilidades, para de seguida a banda levantar a «Bandeira branca» e, então, arrancar de viagem com «Mo people».

Depois, foi um desfiar de temas desafiantes e instigadores, com os músicos a mostrarem-se muito comunicativos e interactivos com o público entre cantigas. Uma boa-disposição contagiante, entre diálogos absurdos, bocas e piadas.
«Pela boca», «Passos largos», «L123», «Chega aqui», «Era matá-lo», «Luzia Veneno», «Madeira», «Mudo surdo», «Não aviso cabeças» e, por fim, «Yess» foram os restantes agentes da fustigação dos Paus no pessoal que assistiu ao concerto.

Pelo meio, Makoto Yagyu experimentou-se a fazer o pino, em jeito de um mix de stage diving com crowdsurfing, com o público a corresponder brilhantemente no momento alto da performance (que o foi!) dos Paus no seu regresso à cidade Invicta.

De Toulouse…
Já os gauleses Karkara levaram até ao palco do Ferro Bar um concerto baseado no seu segundo e recente álbum, «Nowhere Land», editado em plena pandemia e que só agora está a ser apresentado pela Europa.
Munidos de um didgeridoo, o trio de Toulouse souberam espicaçar a plateia e criar um ambiente entusiasmante e inebriado.

Karim Rihani, na guitarra e didgeridoo, Hugo Olive, no baixo, e Maxime Marouani, na bateria, encheram a sala com o seu rock visceral, rude e de sabor psicadélico.
Mas nem só de temas de «Nowhere Land» se fez o concerto, pois entre outros foi possível ouvir o inebriante «Proxima Centaury» ou o hipnotizante «Zarathoustra», temas do disco de estreia «Crystal Gazer».
