Já está disponível “Alvorada”, o primeiro álbum de longa duração de Montanha, editado pela Favela Discos. O disco chega a todas as plataformas digitais e em vinil, assinalando um novo capítulo no percurso da banda. O single de apresentação, “Vice City”, foi lançado em setembro, acompanhado de videoclipe.
“Alvorada” nasce da revisitação de horas de material gravado, selecionando, recompondo e editando para construir um registo coeso, que aponta para um novo caminho eletrónico. O resultado é um álbum espacial, repleto de momentos de reflexão ambiental, mas que mantém a eletricidade que marcou o som do grupo, assente numa guitarra psicadélica e pesada.
O disco foi gravado maioritariamente em horas tardias da noite, com as janelas abertas para a cidade, deixando que o ar e os sons urbanos se infiltrassem na música — muitas vezes até aos primeiros instantes da manhã, a palavra que dá nome ao disco. Cada faixa acompanha esta viagem noturna: há energia e vibração inicial em “Vice City”, que cruza footwork, damfunk e citypop; caos e espaços liminares em “Decomur”, onde sintetizadores dialogam sobre um drone de guitarra; cadência bêbeda e dissonante em “Corno Tigre”; introspeção em “Cantarinha” e lamento em “Firmamento”; até ao desvanecer de “Ocaso”, que funde riffs elétricos num drone ambiente que acompanha o sono.
O universo onírico surge ainda mais evidente em “Vice Dream” e “Crepe Dream”, onde Montanha transforma faixas anteriores em versões sonhadas, numa espécie de eco surrealista da sua própria música. Como a própria banda afirma, este disco é também herdeiro da influência dos videojogos que marcaram a geração millennial dos anos 90 — “Vice City” transporta-nos para um cenário que soa a iates e champanhe em low poly, com ritmos footwork, um baixo melódico à Paul McCartney e sintetizadores que se aproximam de um poema inexistente à maneira de Kelela.
Formados em 2010 por André Costa Gomes, João Sarnadas, Nuno Oliveira e Tito Silva, Montanha nasceu de noites universitárias passadas entre o rock psicadélico e as bandas sonoras de videojogos como Age of Empires. Após um primeiro EP em 2013 e uma pausa, regressaram em 2017 transformados pela experiência no coletivo Favela Discos. A improvisação manteve-se como método central, mas a formação clássica de guitarras, baixo e bateria deu lugar a uma instrumentação mais eletrónica e aberta, com sintetizadores, samplers e drum machines.
Os membros da banda trazem percursos distintos mas complementares: André Gomes (músico e arquiteto, também em Batsaykhan e Gormes), João Sarnadas (cantor e compositor, também conhecido como Coelho Radioactivo, fundador de projetos como Flamingos e José Pinhal Post-Mortem Experience), João Tito Silva (músico e artista transdisciplinar, fundador da orquestra de improvisação Milteto e ativo em diversos projetos da Favela Discos) e Nuno Oliveira (músico e artista gráfico, envolvido em múltiplos projetos musicais e visuais ligados à Favela Discos).
“Alvorada” é editado pela Favela Discos, coletivo artístico e editora fundada em 2013 no Porto, que se distingue pela informalidade, colaboração e experimentação multidisciplinar. Para além de mais de 60 edições em diversos formatos, a Favela organiza eventos, residências e performances que atravessam música, artes visuais e multimédia, afirmando-se como uma das forças mais criativas do panorama experimental português.
“Alvorada” já se encontra disponível em todas as plataformas digitais e em vinil.

