É mês de Carnaval, mas Março não vai ser brincadeira nenhuma no que toca a rock por esses palcos do Porto. Na sua origem latina, Carnaval terá significado “adeus à carne”, mas Março, na Invicta, põe a carne toda no assador. Para além de uma vasta panóplia de concertos, destaque ainda para o 7º aniversário do Barracuda, esse infame espaço que dá palco a muitas bandas que estão a começar, mas não só…

E por falar em infâmia e bandas que não são novatas, este sábado (dia 1), o Barracuda arranca o ‘seu’ mês com o punk dos Mata-Ratos e ainda do duo galego Patada 87. É para celebrar, celebre-se o mês inteiro e comece-se com tudo! Já o Maus Hábitos acolhe mais uma sessão do Super Bock Super Nova, com Yakuza, Colinas e Cat Soup, enquanto, no Woodstock 69, a noite, com marca da Chaotic Th3rapy, é de Terapia Invicta IV, com Terramorta, Anifernyen, Trashwall e Morph.

E porque este é mesmo um arranque de mês em grande, as propostas multiplicam-se. Na Socorro, o palco é dos Offtides, projecto que reúne músicos de diferentes bandas da Invicta, que vão apresentar o álbum «Lap Year». Na Galeria Municipal do Porto, a proposta é mais arrojada e multi-disciplinar: «Fogo Fátuo», ou seja, arte em movimento. Performances acústicas e experiências audiovisuais imersivas por Angélica Salvi, Chiara Bersani, Eddie Peake, Inês Condeço, Inès Cherifi, Pauliteiros de Miranda do Douro, Price e Wimme Saari. É entre as 14h30 e as 21h00. Seguramente, depois, e para quem gosta, há Amália Hoje, no Coliseu Porto Ageas. Na Rua da Alegria, o Espaço AL859 recebe a segunda edição da Chuinga, com actuações de aMijas, JVZTAV e ainda Clarisse e Os Desviados.

Num concerto esgotado há muito, no domingo (dia 2), os Godspeed You! Black Emperor regressam ao Porto, depois da passagem pelo Amplifest’22, desta feita para uma actuação em nome próprio e na Casa da Música. Com três décadas de carreira, os canadianos trazem o seu som delico-doce, impregnado de pensamentos difusos e atmosferas inebriantes, que está bem plasmado no seu mais recente álbum «No Title As Of 13 Frebuary 2024 28,340 Dead». Infelizmente, já não há bilhetes!
E, eis que é noite de Entrudo (dia 3). Proliferam pela cidade as festas e festinhas de máscaras e fantasias, confetis e serpentinas, onde o pessoal liberta o espírito e dá coça ao corpo. E por falar nisso, no Ferro Bar há Noite Bruta, em terceira edição, com a banda-sonora a cargo dos Azia e dos Idle Hand.

Quinta-feira (dia 6), o Maus Hábitos recebe mais um FAUP Fest, cujo cartaz é composto por Cavala, Astrodome e Prestes. E no dia seguinte (7), na Socorro, há indie rock com Trovador Falcão e Mr. Roshi.
E porque Março é de festa, assinala-se o Dia Internacional da Mulher. Assim, no dia 8, o duo Merope, formado pela lituana Indrė Jurgeleviciute e pelo belga Bert Cools, sobem ao palco do Ferro Bar, pela mão do Club Machamba, enquanto, no Barracuda, a The Firm Records e a Grim Unity apresentam uma noite dura com os britânicos Crown Court e os portugueses Horda e Itami. Entretanto, ao final da tarde há uma Mosher Undergorund Sessions, na Socorro, com Infraktor, Elitium e Warout.

E porque «Não se passa nada às segundas», dia 10, a Saliva Diva leva até à cave da Socorro os Sadhäna para fazer esquecer que é… segunda-feira!
No dia seguinte (11), o ‘Rei das Cordas’, Carvin Jones, vai até ao Hard Club e leva blues na guitarra.
Dia 13, no Maus Hábitos, directamente dos Países Baixos, chegam os Baby Berserk a piscar o olho à pista de dança. Do outro lado da rua, no Passos Manuel, Malva (alter-ego de Carolina Viana) apresenta o seu novo álbum intitulado «Poros», lançado no final de Janeiro. Com curadoria da Saliva Diva, o Ferro Bar recebe os Cows Caos e Polivalente.

E, na sexta-feira (14), os Biloba levam o álbum de estreia, «Sala de Espera», até ao Maus Hábitos para uma primeira apresentação à cidade do Porto.
Sábado (dia 15), para quem gosta, a Super Bock Arena acolhe o concerto dos irlandeses The Script, ao passo que, no Barracuda, o palco é dos Dr. Frankenstein. No Passos Manuel, Afonso Rodrigues, também conhecido como Sean Riley, apresenta o seu novo álbum a solo «Areia Branca» e, na Socorro, Venga Venga e Machamba preenchem o cartaz do dia. Em Serralves, a proposta é multidisciplinar e é dos Osso Exótico. O concerto decorre no contexto da exposição «ⒶMO-TE», de Francisco Tropa, e inclui duas peças: «Powwow» terá lugar nas galerias do museu, e «Kalliope». A formação atual dos Osso Exótico é composta pelos irmãos André e David Maranha, Patrícia Machás, Francisco Tropa e Manuel Mota. No Ferro, o palco é para Noray.

No domingo (16), na Casa da Música recebe a norte-americana Lizz Wright, que regressa a Portugal para apresentar o seu novo álbum, «Shadow». Na Rua de S. Roque da Lameira, o Woodstock 69 promove uma matiné (início às 17h30), com concertos de Hyperdontia e Repugnator.

Terça-feira (18) há noite grega no Mouco, uma espécie de repetição do que se passou em Abril de 2023, no Hard Club. Isto é, os 1000mods, pela mão da Garboyl Lives, vêm apresentar o seu novo álbum «Cheat Death», lançado em 2024, e serão, novamente, acompanhados na noite pelos compatriotas Frenzee.
Na quinta-feira (dia 20), chega ao Maus Hábitos o indie rock dos ucranianos Love’n’Joy, banda que, desde 2022, anda em digressão angariando dinheiro para a campanha «Músicos Defendem Ucrânia». Já no Barracuda, com chancela da Puta Punx e da Enfermo Distro, o palco é dos alemães Funeral Damage, dos espanhóis Mugrind e M.U.G.R.E. e dos nacionais Fuck It.

No dia 21 (sexta-feira), as propostas são fortes. Gavin Friday, vocalista dos míticos Virgin Prunes, vai ao Hard Club, com a chancela da At The Rollercoaster apresentar o seu mais recente álbum em nome próprio. «Ecce Homo» é o sexto longa-duração do irlandês a solo, um percurso iniciado em 1987, finados que estavam os Virgin Prunes. Uma pena, diga-se! No Plano B, mais um regresso à Invicta do power trio Máquina, enquanto na cave da Socorro o palco é dos Unsafe Space Garden. No Auditório CCOP, os Marquise apresentam «Ela Caiu», primeiro álbum da banda depois do EP epónimo, editado pela Saliva Diva, com Evaya a preencher a primeira parte. Já no Barracuda a música é dada pelos Mr. Miyagi e Puto.

No sábado (22), há Xavalo Fest 5, na Socorro, com BBB Hairdryer, Mindelo e Bastardos Mutantes, enquanto Filipe Sambado se apresenta no Passos Manuel.
Terça-feira (dia 25), as Oracle Sisters aterram no Mouco para apresentarem aquilo que definem como música que combina o antigo com o inesperado, com amor pela melodia e pela harmonia. No Hard Club, o protagonista é Kamasi Washington, que vem apresentar «Fearless Movement», o quarto álbum de estúdio do saxofonista de jazz norte-americano, editado em 2024.

Quinta-feira (27), fica um primeiro convite mais dançável. A Casa da Música recebe MXGPU by Moullinex & GPU Panic, um concerto verdadeiramente imersivo, em formato 360º, que esbate as fronteiras entre o palco e o público e redefine a experiência ao vivo da música de dança. Enquanto isso, na Sala Suggia, Capicua estreia ao vivo no Porto o seu novo disco «Um gelado antes do fim do mundo», onde será acompanhada por Luís Montenegro, Virtus, D-One, Inês Malheiro e Joana Raquel. No Auditório CCOP, Tim, voz e baixo dos Xutos & Pontapés, apresenta-se a solo com «Canta-me Histórias», um espectáculo que repete nos dias 28, 29 e 30. No Maus Hábitos, os Bobo Romo vão apresentar o seu epónimo álbum de estreia. Com base em Utrecht-Holanda, os Bobo Romo são um português, dois austríacos e um holandês, cujo nome resulta da abreviação de Bonnie Bonny and the Rocky Mountains. “Uma mistura de krautrock, new wave, dream pop e indie rock, com tendência experimental”, dizem deles. Os Parque Império têm as honras de abertura da noite.

Sexta-feira (dia 28) arrancam as festividades no nº 186 da Rua da Madeira. O Barracuda – Clube de Roque celebra o 7º aniversário, com concerto dos galegos Anti-Mums. Entre deejays e muito rock, as comemorações prolongam-se por todo o fim-de-semana na sala mais importante da cidade do Porto na revelação ao vivo de jovens bandas e bandas novas, mas não só. É uma bênção para a Invicta ter uma casa como o Barracuda para dar palco ao underground rockeiro da Invicta e não só. As comemorações prosseguem, no sábado, com uma actuação dos Pink Pussycats From Hell e, por fim, no domingo, a partir das 17h00, a festa é ao som de Memorial State, Sense May e Woods Int. Long live to Barracuda!

No sábado (dia 29), a Casa da Música recebe Rodrigo Leão, que leva na bagagem «Os Portugueses», de 2018, um álbum profundamente evocativo desse sentimento a que chamamos portugalidade. Um ensemble de oito músicos, entre os quais Ana Vieira (voz) e Celina Piedade (acordeão) acompanham o músico em palco.

A fechar o mês, há luta anti-fascista na Casa da Música. Finalmente, os Mão Morta chegam ao Porto com «Viva la Muerte», o seu mais recente álbum de originais, já descrito como um verdadeiro manifesto anti-fascista. Ao cabo de 40 anos de carreira, o colectivo bracarense denuncia “o ar dos tempos, em que os conceitos, manipulados, se confundem com os seus opostos”. É só mais um capítulo de uma história em que os Mão Morta se reinventam musicalmente, uma vez mais, mantendo os princípios de sempre. No Mouco, há rock progressivo com os suíços Cellar Darling e o metal progressivo dos portuenses Phase Transition.

Depois disto, há mentiras e ressurreições, mas mais e muitos concertos são esperados tal como… a chuva! É que em Abril, águas mil.
