Os Linda Martini são um desassossego musical e nem a pandemia os fez amolecer. «Errôr», o novo álbum lançado no dia 25 de Fevereiro, é a prova disso. E ao vivo funciona muito bem!
Aliás, no Plano B, primeiro concerto da digressão nacional, a banda tocou o disco novo na íntegra (12 temas) e ainda o salteou com seis outros já com história. E, na verdade, não se notou diferença nenhuma entre uns e outros.
«Errôr» é profundo, intenso e, talvez mesmo, pesado, mas em palco os temas explodem. E já se sabe, quando os Linda Martini lançam as suas descargas sónicas até se sente o chão a tremer. É libertador!
As letras de «Errôr» podem até deprimir pelas lembranças que provocam do que todos vivemos com a pandemia de Covid-19, mas a música é completamente libertadora. E, por isso, foi um desassossego pegado!
Amputados de mais um elemento (Pedro Geraldes deixou a banda), André Henriques (guitarra e voz), Cláudia Guerreiro (baixo) e Hélio Morais (bateria) fizeram-se acompanhar no palco do Plano B pelo guitarrista Rui Carvalho, o virtuoso Filho da Mãe.
E foi um corridinho. Palavras poéticas lançadas ao ar e a mergulharem na densa sonoridade das guitarras endiabradas e do ritmo arrebatador da bateria e baixo.
Em palco a entrega dos músicos foi, como sempre, total, a que o público que lotou a sala também não negou empenho e aplausos. A sintonia entre os dois lados do palco existiu e isso engrandeceu o concerto. Numa sala que vomitava gente, o calor era muito e o espaço pouco mais dava do que para abanar o esqueleto, enquanto se batia freneticamente o pé. Mas a música justificou o sacrifício!
Nesse capítulo, as hostilidades começaram com os dois temas que abrem o disco novo («Eu nem vi» e «Horário de Verão»), seguindo-se «Panteão». A partir daí foi sempre a subir, com alguns momentos de autêntica vertigem sonora. Ou seja, um desassossego pegado!
«Boca de sal», «Putos Bons» e «Se me agiganto» foram os temas mais antigos que entremearam os restantes 10 temas de «Errôr». E como costuma acontecer, depois de um concerto de vertigem, um final apoteótico, com dois temas que agarram sempre o público firmemente e o lançam num rodopio infernal. Trata-se de «Dá-me a tua melhor faca» e «Cem metros de sereia».
O público da cidade Invicta abraçou com o habitual afecto a banda lisboeta e, pelos sorrisos e comentários no final, foram embora satisfeitos e contentes… tal como os músicos!
A apresentação do novo álbum, o sexto da banda, continua e já há muitas datas marcadas de norte a sul do país. Para quem gosta de sonoridades intensas e concertos endiabrados não deve cometer o error de não ver e ouvir «Errôr» num qualquer palco deste Portugal (pois, é sempre um desassossego pegado!).
