Três Tristes Tigres. Créditos: Global News Portugal
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À moda do Porto há… as saborosas e históricas tripas e também as, não menos famosas, contas. E agora há também o Rock à Moda do Porto, pelo menos em formato mini-festival, porque o rock, esse, já anda pela Invicta há muito.

Isso mesmo ficou demonstrado pelo cartaz da primeira edição de um evento que se adivinha terá continuidade no tempo, pois rock à moda do Porto é coisa que para aí não falta. E ainda não falo de novas bandas, pois no passado sábado, dia 22 de Outubro, pelo palco da Super Bock Arena só passaram projectos artísticos com décadas em cima.

Zen. Créditos: Global News Portugal

Projectos novos, geneticamente tripeiros, não faltam na cidade, mas o Rock à Moda do Porto, para já, apostou em clássicos, outra coisa que na “Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta” urbe também não falta. É longa e rica a história do rock… à moda do Porto.

Cinco registos diferentes, cinco belos concertos.

Três Tristes Tigres. Créditos: Global News Portugal

Coube aos Três Tristes Tigres, da decana e carismática vocalista Ana Deus e do mestre da guitarra Alexandre Soares, abrir as hostilidades do primeiro Rock à Moda do Porto e a tarefa não podia ter sido mais bem entregue.

Se há banda que respira Porto – cidade escura que mete na palavra (ou no palavrão!) o coração – é Três Tristes Tigres.

Três Tristes Tigres. Créditos: Global News Portugal

Acompanhado por Miguel Ferreira, nos teclados, Fred, na bateria, e Rui Pedro Martelo, no baixo, Alexandre Soares desfia, a partir da guitarra, um enredo sonoro que Ana Deus pincela com palavras, numa espécie de viagem sem destino, mas de paisagens e com paragens diversas.

Do mais recente álbum, «Mínima Luz», editado em 2020, saiu o grosso do concerto, com «Galanteio», «Estado de espírito», «Jasmim», «À tona», «Língua franca» e «Curativo» a preencherem a primeira parte da actuação.

Três Tristes Tigres. Créditos: Global News Portugal

Depois, um salto no tempo em busca de «Guia Espiritual», o segundo álbum da banda, editado em 1996, de onde se ouviram «Anormal», «Ruído rosa», «Xmas» e «Olho da rua».

Ser a primeira banda fez com que os Três Tristes Tigres não contassem com a plateia tão composta como chegou a estar pouco depois da sua actuação. Na verdade, a adesão do público ao evento podia ter sido um pouco melhor, apesar da sala se apresentar… composta. Ainda assim, quem esteve divertiu-se, a avaliar pelo o entusiasmo com que interagiu com as diversas bandas ao longo da noite.

Três Tristes Tigres. Créditos: Global News Portugal

De seguida, vindos da ‘região norte da cidade Invicta’, subiram ao palco os Clã. Poço inesgotável de energia, Manuela Azevedo arrasta consigo os companheiros de banda, mas principalmente o público.

Não foi de estranhar que logo de início a energia do concerto fluísse entre o palco e a plateia.

Clã. Créditos: Global News Portugal

«Armário» e «Pensamentos mágicos», do último disco de originais da banda, intitulado «Véspera» e que também saiu em plena pandemia (2020), abriram o concerto, que vagueou entre o presente e o passado discográfico, apimentado por um conjunto de versões. Foram os casos de «Deus me dê grana», dos Dead Combo, «Conta-me histórias», dos Xutos & Pontapés, e ainda «O navio dela», de Manel Cruz.

Clã. Créditos: Global News Portugal

Apesar de conter sempre uma enorme carga de energia, foi com os grandes hits da banda que o Super Bock Arena ‘explodiu’. Temas como «G.T.I.», «Tira a teima», «Problema de expressão», «Tudo no amor» ou «Dançar na corda bamba» levaram a plateia ao rubro, num concerto que terminou com «Fahrenheit», resgatado de «Lustro», álbum do ano 2000.

Clã. Créditos: Global News Portugal

Energia pura, empatia enorme e uma sonoridade que soa sempre fresca é a marca de água dos Clã, que tiveram o condão de pôr o público no ponto para os ‘cabeças-de-cartaz’, quanto mais não fosse pela antiguidade, GNR, seguramente, a banda nascida no Porto de maior sucesso.

GNR. Créditos: Global News Portugal

E, se de alguma forma, o primeiro Rock à Moda do Porto foi um exercício de nostalgia, por que não começar pelos… “sweet sixteen”? Foi o que Rui Reininho, Tóli César Machado e Jorge Romão, acompanhados por Rui Maia, nos teclados, guitarra e theremin, e Samuel Palitos, na bateria, fizeram, dando o mote para uma actuação bem rockeira, mas também é dos GNR que estamos a falar.

GNR. Créditos: Global News Portugal

Na Super Bock Arena, ouviram-se alguns dos grandes sucessos da banda, bem como as habituais larachas de Reininho… um entertainer por natureza.

Então, logo depois de «Sub-16», seguiu-se o clássico «Vídeo Maria» e muitos outros, sempre com o público em festa, participando activamente no concerto, fosse a cantar, a dançar ou a bater palmas.

GNR. Créditos: Global News Portugal

«Cadeira eléctrica», «Mais vale nunca», «Popless», a inevitável «Pronúncia do Norte», a versão «Quero que vá tudo pro inferno» (do romântico Roberto Carlos), «Morte ao Sol», «Sangue Oculto» ou (outra inevitável) «Efectivamente» foram algumas das pérolas que a banda portuense ofereceu a um público entusiástico e rendido.

GNR. Créditos: Global News Portugal

Cereja em cima do bolo, sem garrafas de óleo a boiarem vazias, «Dunas» fechou a passagem de Reininho e seus pares pela Super Bock Arena, com o público a cantar em uníssono.

Zen. Créditos: Global News Portugal

Seguiu-se aquele que, para este vosso devoto escriba, foi o concerto da noite. Banda nascida no início dos anos 1990, os Zen têm feito um regresso muito interessante. Rui Gon continua imparável, provocador como nunca e explosivo como sempre, o que garante, desde logo, à banda a atenção e entusiasmo do público. André Hollanda, na bateria, Miguel Barros, no baixo, e (contratação do último defeso) Azevedo, na guitarra, fornecem a Gon o combustível sonoro que ele aproveita como ninguém.

Zen. Créditos: Global News Portugal

Dos dois álbuns editados, só do primeiro, «The Privilegie of Making the Wrong Choice» (1998), se ouviram temas. Aliás, são desse álbum os temas mais marcantes da banda, vai daí…

«Redog», «Step on», «Trouble man», «Mutant», «Power is evil» ou «Not gonna give up» foram alguns dos temas dali tocados e, pelo meio, coisas como «Downtown», que abriu o concerto, «True Funk», «Air», «Greensquare», «Relativeland» ou «Price of a better life».

Zen. Créditos: Global News Portugal

Mas foi para o final que os Zen reservaram, provavelmente, o melhor, arrebatando, por completo, a plateia. Então, o mosh apareceu e o próprio Gon acabou por fazer crowdsurfing.

O hit «U.N.L.O.», a versão de «Helter Skelter», apropriado de uma forma que para ser criação própria, e o intenso «Eleven AM», com Azevedo a estrondear na guitarra, fecharam uma actuação explosiva, aguerrida, agitada e intensa.

Zen. Créditos: Global News Portugal

Irreverência pura, energia a rodos e uma performance rock… bem à moda do Porto.

A festa foi encerrada pelos Pluto, banda que regressou aos palcos este ano e tem levado a música do seu único álbum, «Bom Dia» (2004), um pouco por todo o País.

Pluto. Créditos: Nuno Coelho

Nascidos dos despojos de outro grande representante do rock tripeiro, os Ornatos Violeta, os Pluto, de Manel Cruz, Peixe, Eduardo e Ruca, criaram algumas canções que o público não esquece. Apesar de terem apenas um disco, os Pluto sabem estar em palco e como animar uma plateia. Temas como «A vida dos outros» e «Só mais um começo» são apenas dois exemplos.

Pluto. Créditos: Nuno Coelho

Para primeira edição, o Rock à Moda do Porto cumpriu, proporcionando cinco belos concertos e uma espécie de exercício de nostalgia, uma viagem a diferentes passados do rock. Espera-se, agora, que, a bem do evento e da acústica da Super Bock Arena, em 2023, caso haja segunda edição, o público adira mais.

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