InícioCulturaAMPLIFEST’24: Entre demónios flamejantes e pardos mamutes, Chelsea Wolfe brilhou intensamente

AMPLIFEST’24: Entre demónios flamejantes e pardos mamutes, Chelsea Wolfe brilhou intensamente

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Era a grande atracção do cartaz do Amplifest 2024 e não deixou os seus créditos por mãos alheias. A norte-americana Chelsea Wolfe encantou uma plateia à pinha e devota com um concerto melodioso, dominado pela ambiência escura onde a luz brilha mais forte ainda.

Mas a 10ª edição do Amplifest, que decorreu no Hard Club, no Porto, nos dias 9 e 10 de Novembro, teve outras coisas muito boas, com o destaque para as actuações de Ufomammut, Oranssi Pazuzu, Russian Circles, LLNN ou The Body & Dis Fig, entre as muitos que preencheram o cartaz dos dois dias.

Chelsea Wolfe. Créditos: Global News Portugal

A envolvente prestação de Chelsea Wolfe teve como libreto o novo álbum, intitulado «She Reaches Out to She Reaches Out to She», o sétimo da norte-americana, e que foi tocado na íntegra ao longo do concerto.

Chelsea Wolfe. Créditos: Global News Portugal

O público, que lotou, no segundo dia, o Büro Stage (Sala 1 do Hard Club), desde cedo se mostrou completamente rendido à intensa e poderosa, negra, mas brilhante prestação de Chelsea Wolfe. Uma espécie de encantamento deslumbrante, carregado de beleza e de intensidade. Uma sonoridade a balançar entre o folk e o gótico e polvilhada de doom metal encantou a plateia.

Chelsea Wolfe. Créditos: Global News Portugal

O dueto de «Anhedonia» com Emma Ruth Rundle, dos Red Sparowes, fez o público cair num silêncio sepulcral, tal a maviosidade do momento. Aliás, a plateia esteve sempre muito silenciosa, como que, mais do que a ouvir, estava a absorver a música que Chelsea Wolfe exalava do palco.

Oranssi Pazuzu. Créditos: Global News Portugal

A fechar a noite no palco Büro, o regresso dos finlandeses Oranssi Pazuzu ao Amplifest. A banda de black metal de aura psicadélica vinda do Norte da Europa levou até ao Hard Club o seu mais recente e sexto álbum de estúdio, «Muuntautuja», no qual se baseou o extraordinário concerto que apresentou, pleno de poder sónico.

Outro regresso (com estrondo) foi o dos italianos Ufomammut e do seu stoner/doom. Chegaram ao Porto a celebrar 25 anos de carreira e com novo álbum, «Hidden», no bolso e com ele, mas não só, conseguiram uma das mais marcantes actuações da edição 10 do Amplifest.

Ufomammut. Créditos: Global News Portugal

Dois concertos que na diferença se igualam no impacto e nos intensos momentos que proporcionaram ao público, que, diga-se, ao longo dos dois dias foi sempre enchendo as duas salas do Hard Club. Atmosfera muito saudável, cenário negro e salas cheias. Muito entusiasmo e muitos estrangeiros, especialmente espanhóis. Cartaz de qualidade e horários exigentes. É assim o Amplifest, foi assim a 10ª edição, que celebrou ainda os 18 anos da Amplificasom, produtora responsável pelo festival.

Mas outras coisas ficaram no ouvido e na retina deste vosso escriba. Russian Circles foi uma delas. O trio de Chicago, formado por Mike Sullivan (guitarra), Brian Cook (baixo) e Dave Turncrantz (bateria) conseguiu envolver o público de tal forma com o seu pós-rock metal que a pujança do seu som siderou a massa humana.

LLNN. Créditos: Global News Portugal

Quem também o conseguiu e de forma até mais explosiva foram os LLNN, com o seu som dark, pesado e pós-apocalíptico, como os próprios o definem. E, de facto, foram os primeiros a criar agitação no mosh pit e a instigar os mais afoitos a uns mergulhos do palco ou a umas surfadas na multidão. E assim foi… Com dois temas novos editados este ano sob a forma de EP («The horror» e «Sleep paralysis demon»), os dinamarqueses foram de uma energia brutal, contando com uma catártica prestação de Victor Kaas, na guitarra e, especialmente, na voz!

The Body & Dis Fig. Créditos: Global News Portugal

Efeito semelhante sobre a multidão, mas não como o dos LLNN, tiveram os The Body & Dis Fig. Movimentando-se nas sonoridades bem pesadas do metal, noise, sludge, doom ou industrial, com forte carga experimental, os The Body (Chip King, na maquinaria, e Lee Buford, na bateria) subiram a palco na companhia de Dis Fig, alter-ego de Felicia Chen, que corporizou em palco todo o poder sonoro da electrónica apresentada. Em especial com a vocalização, a irrequieta Dis Fig agitou a mole humana e desafiou-a, enquanto o duo maquinava a sonoridade e, por vezes, Chip King simplesmente guturalizava.

Avesso. Créditos: Global News Portugal

Nota para a presença dos portugueses Avesso e Decline And Fall. Os primeiros, liderados por Paulo Rui (Redemptus e Besta), reúnem um conjunto de músicos do underground do Porto e praticam um rock agressivo, mas com alguns momentos duvidosos; os segundos, liderados por Armando Teixeira (Bizarra Locomotiva e Balla), são de Lisboa e fizeram a sua estreia ao vivo, precisamente, no palco Dois Corvos, do Amplifest (problemas de som não ajudaram, a uma actuação que ficou… a meio da ponte!).

Decline And Fall. Créditos: Global News Portugal

Outros portugueses que marcaram presença no festival 2024 foram os Velho Homem. O duo formado por Afonso Dorido (Homem em Catarse e indignu) e Francisco Silva (Old Jerusalem e The June Carriers) abriu a edição 10, naquele que foi o primeiro concerto do dia aberto à cidade (8 de Novembro). No Mercado do Bolhão, acompanhado pelo baixista Miguel Ramos, os dois guitarristas celebraram um ano de «Espuma dos Dias», o seu disco de estreia, com um concerto sereno e melodioso para uma pequena plateia.

Velho Homem. Créditos: Global News Portugal

Pena a ameaça de chuva, que acabou por não cair, mas que levou ao recuo do palco, o que dificultou uma melhor fruição do concerto por parte do público. Ainda assim foi um excelente pontapé de saída para a 10ª edição do Amplifest – recorde-se, esgotado desde junho –, que, a avaliar pelas expressões do público, o buraco negro musical anunciado revelou-se de um brilho intenso, entre a beleza dos riffs e a ferocidade da batida, a maviosidade das melodias e o caos sonoro.

Amplifest’24 no Mercado do Bolhão. Créditos: Global News Portugal

Um festival que não quer crescer para não se desvirtuar e que conta, como se viu, com a fidelidade de um público que gosta de se movimentar no underground musical.

LLNN. Créditos: Global News Portugal

Para o ano há mais…

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