
Na sua estreia em Portugal, os belgas Suwi levaram os poucos que assistiram ao concerto no Ferro Bar por uma viagem instrumental a lugares de incomensurável serenidade e beleza.
A guitarra timbalada de Cyriel Vandenabeele, a bateria dedilhada de Elias Devoldere e o compassivo e compreensivo baixo de Mattias Geernaert constroem uma sonoridade que agrega muitas outras sonoridades para, enfim, ganhar vida própria e… exultar.

Apesar da juventude, os músicos demonstram talento, criando uma sonoridade fortemente visual.
Com dois álbuns editados («Sumi», de 2020, e «French with Simona», de 2021), foi deles que saíram a maioria dos temas ouvidos no bar portuense.

«Mal Egeu», que abriu o concerto, «Viaduct» ou o belíssimo «99 100» foram algumas das paisagens sonoras que se ouviram de «French with Simona», já do álbum de estreia ouviu-se, por exemplo, «Green road» e o intenso «Kowboy», com que o trio de Ghent fechou a actuação.
Simplicidade q.b. para que tudo soe no sítio certo, pormenores de extrema sensibilidade e uma execução primorosa costuram melodias maviosas e felizes… pela felicidade que provocam em quem as ouve.

Ouvir os Suwi traz à memória os Khruangbin. No entanto, as diferenças notam-se bem. E a principal é que uns são belgas e os outros norte-americanos, o que se revela logo no sabor da sonoridade.
A música dos Suwi é boa onda, cria um clima luminoso e alegre, de melodias tão macias e recortadas que nem se sente a falta de voz.

Para além dos referidos temas dos dois álbuns já editados, o trio ainda tocou um par de músicas, provavelmente, que integrarão o próximo disco a sair em 2023, sempre com a guitarra como grande protagonista, mas que, como todos os protagonistas, brilha sempre mais quando bem secundado! Uma banda a ter debaixo de olho, ou melhor, dentro do ouvido e sempre com a porta da imaginação aberta para que esta possa dar largas a si própria!
