Num dia mais aliviado em termos de público, o festival Vodafone Paredes de Coura teve uma terceira etapa algo estranha… Dois concertos extraordinários (Lambrini Girls e La Jungle), que, por contraponto ao palco principal, agitaram bastante o público. Por seu turno, Black Country, New Road e King Krule foram eficientes na sua arte, facto comprovado pelo silêncio (quase) sepulcral da plateia, enquanto desfiavam os seus temas de pouca intensidade rítmica.

Falemos então do que mais interessou na sexta-feira… As britânicas Lambrini Girls, aos primeiros acordes, incendiaram a plateia logo do Palco Bacana Play, ao ponto de, ao longo da actuação, terem transformado o espaço num pandemónio.

Com uma energia explosiva e contagiante, Phoebe Lunny (voz e guitarra) não para quieta e isso faz com que o público se agite ainda mais. De olhar atento, Selin Macieira-Boşgelmez (baixo), entre meneios e sorrisos, marca a pulsação da sonoridade.

Ritmos acelerados, guitarra esbaforida e um som cru e rude até é marca das inglesas e, por isso, o mosh foi constante e o corwdsurfing imenso, uma vez mais, com os seguranças a não terem descanso.

Foi uma celebração colectiva de punk rock duro e feminino que deixa marca no Couraíso.
E se com Lambrini Girls a coisa ficou quase uma selva, no mesmo palco seguiram os La Jungle e, então, a coisa ficou insana.

Roxie Rookie (bateria) e Jim Frisko Binwette (guitarra, voz e samples) não deram descanso ao público, a não ser quando a meio da actuação o prato-de-choques da bateria desfaleceu, tendo de ser substituído.

Ainda assim, foi a loucura, com o público em completa êxtase, enquanto Roxie imprimia um ritmo alucinante e Jim parecia sofrer choques eléctricos a cada acorde que tocava na guitarra.

Foi um verdadeiro devaneio com a sonoridade “techno, kraut, transe, noise”, tal como o duo belga se auto-define e que em Coura fez as delícias de um público sequioso de agitação, mosh, crowdsurfing e alegria.

Nota para a ponta final do concerto de Geordie Greep e ainda para a prestação dos ingleses Bar Italia, que ainda assim não atingiram as expectativas deste escriba.

O final de noite no Palco Vodafone foi ao som de duas diferentes sonoridades… mas ambas muito sossegadas. A primeira nota deve ir para o público que lotava o anfiteatro natural, pois demonstrou imenso respeito pela prestação dos artistas e pela música.
Falo de Black Country, New Road cuja actuação foi mais próxima de um concerto jazz do que de outra coisa. Foi de calmo a sossegado, mas o público apreciou bastante.

E falo ainda de King Krule, que prometeu muito nos dois temas iniciais, mas que optou por um alinhamento mais introspectivo, fazendo crescer alguma água na boca.

Nota muito positiva para Ignacio Salvadores, o homem do saxofone, que foi o espectáculo em palco, mas também na plateia quando andou a fazer crowdsurfing.
King Krule é um músico com M grande e tem uma voz impressionante, mas este escriba teria optado por um outro alinhamento.
Por fim, sim, por fim, Ela Minus recuperou a moral ao público com a sua proposta electrónica de dança, pois antes, no palco principal, houve a estreia, em Coura, de Mk. Gee, um concerto inexplicável. Este vosso devoto escriba não conseguiu perceber o que se passou, mas não gostou!
Hoje acaba a festa, mas ainda há muita coisa para ver e ouvir!


