No dia de Central Cee, os grandes goleadores da segunda jornada do Primavera Sound Porto foram, sem dúvida, Deftones, TV On The Radio e Chat Pile.
Para os amantes do rock, o regresso a Portugal dos norte-americanos Deftones ficou sublime. Aos primeiros acordes de «Be quiet and drive (far away)», a enorme massa humana que lotou o anfiteatro natural do Palco Vodafone agitou-se compactamente, gerando-se mosh pits um pouco por toda a plateia.

O público era uma osmose de gerações, as grades tomadas pelos Sub-20, enquanto os mais maduros se espalhavam um pouco por todo o lado, misturando-se com os mais novos, e alguns não se esquivaram mesmo a uma ida a um dos muitos mosh pits do pedaço.
Foi um desfiar de pérolas, com Chino Moreno, Stephen Carpenter, Sergio Vega, Frank Delgado e Abe Cunningham a ofereceram jóias como «My own Summer (shove it)», «Rosemary», «Change (in the house of of flies)», «Digital bath» ou «Sextape», entre muitas outras.

Concertaço digno de um verdadeiro cabeça-de-cartaz, mas que, felizmente, actuou no melhor palco do festival, tendo terminado com o público em devaneio, cantando em uníssono «7 words».

Antes, no mesmo palco e ainda com o Sol a brilhar e a aquecer os corpos, os também norte-americanos TV On The Radio… exalaram perfume!
Igualmente perante um relvado repleto de corpos até ao horizonte, a banda de Nova Iorque teve o condão de espalhar magia sobre o Parque da Cidade, envolvendo todos os que assistiam, entre dança, saltos e animação.

A mensagem política dos TV On The Radio surgiu no keffiyeh palestiniano de Kyp Malone (guitarra) e na palavra de ordem ditada por Tunde Adebimpe (voz), “Fuck ICE” (Immigration and Customs Enforcement), replicada em uníssono pelo público, numa referência ao actual estado de situação nos Estados Unidos e a expulsão de imigrantes ilegais. O guitarrista ainda lançou um… “Fuck this fascists”!

Também os TV On The Radio deleitaram o público com hinos de sua criação, como «Wolf like me», «Happy Idiot», «Trouble», «Dreams», «Dancing choose» ou «Staring at the Sun», com que fecharam o concerto, que pôs muita gente a dançar e de sorriso no rosto. Que belo regresso aos palcos portugueses!

Nota máxima igualmente para os, também, norte-americanos, mas de Oklahoma, os Chat Pile. Rock desbragado, mosh pit sempre ao rubro e uma energia imensa a sair do palco e a contagiar que encheu a plateia do Palco Super Bock.

Poderiam ter tido um pouco mais de público se no palco ao lado, logo a seguir, não fossem tocar os Deftones, pois muita gente preferiu posicionar-se estrategicamente, esperada a enchente que se verificou.
Ainda assim, aquilo foi um desassossego pegado, com os norte-americanos a comprovarem a fama que os precede. Intensidade, pujança e muita inquietação.

Também eles se indignaram contra esta onda de extrema-direita que parece estar a sair da toca, gritando «Fuck fascim», «Fuck war» e ainda «Free Palestine». Agitação da boa e a repetir!

Nota ainda para a passagem de Michael Kiwanuka, pelo Palco Porto, um registo bonito para fim de tarde, mas que não encanta muito este escriba, e dos Beach House, no Vodafone, com toda a sua escura intensa leveza musical.
Um embalo para início de noite, estremecido pelo que se seguiria!
