Os norte-americanos Black Flag, banda seminal do punk hardcore nascida em 1976, passou pela primeira vez por Portugal e arrastou uma legião de fãs até ao Hard Club, no Porto, numa noite de domingo fria, mas de incendiar a alma e, a alguns, o corpo!
A plateia da Sala 1 do Hard Club estava muito bem composta e a temperatura contrastava com a do exterior. Entre a enorme presença de cabelos grisalhos e de carecas, aqui e ali uma crista e muitas indumentárias a rigor. Já a agitação ficou a cargo dos sub-30, e eram bastantes, que desde o primeiro acorde trataram de dar as boas-vindas a uma banda que surgiu ainda eles nem eram pensados!
De guitarra transparente, Greg Ginn, do alto dos seus 68 anos, não tem a energia dos idos anos 1970/80, mas a mestria para as cordas continua apurada. Depois, há temas que são eternos, temas incontornáveis, temas de eleição para quem gosta de punk hardcore que fazem o resto.
Não era Henry Rollins que estava de microfone na mão, mas Mike Valley cumpriu plenamente a missão de dar rosto a um grupo que contou ainda com Harley Duggan, no baixo, e Charles Wiley, na bateria.
Cedo eclodiu a agitação na plateia, com mosh e crowdsurfing e também muito, e por vezes bem artístico, stage diving. A banda pode ser antiga, o guitarrista fundador estar já na faixa dos idosos, os temas terem décadas, mas a energia está lá e, do outro lado do palco, estavam jovens almas sedentas e irrequietas, corpos suados e agitados, mas também espíritos mais maduros a reviverem e a experimentarem uma certa nostalgia numa harmonia exemplar.
O concerto, que encerrou a digressão europeia dos californianos, contou com quase uma vintena de temas, entre os quais «Gimmie Gimmie Gimmie», «Black coffee», «Nervous breakdown», «Six pack», «Slip it in», «TV Party» ou «Rise Above», tendo encerrado com uma versão de «Louie Louie», de Richard Berry.
A primeira parte do evento esteve a cargo dos também norte-americanos Total Chaos.

