Just Mustard. Créditos: Global News Portugal
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Sobre a estreia dos Just Mustard em território nacional, um concerto de uma intensidade tamanha, dizer apenas “Bota mostarda nisso!” quase bastaria para resumir o que foi a brilhante prestação sonora dos irlandeses.

A passagem do quinteto oriundo de Dundalk, na Irlanda, pela sala do M.Ou.Co, no Porto, tinha como principal propósito a apresentação do recentemente editado segundo álbum da banda, intitulado «Heart Under», mas os Just Mustard não se ficaram por aí.

Just Mustard. Créditos: Global News Portugal

Tema após tema, ergueram um muro sonoro, em que as guitarras de David Noonan e Mete Kalyoncuoglu têm o protagonismo, alicerçado no marcante ritmo imposto pela bateria de Shane Maguire e pelo baixo do impassível Rob Clarke. A cobertura, como se de reboco se tratasse, é dada pela maviosa e angelina voz de Katie Ball.

Just Mustard. Créditos: Global News Portugal

Rotulada de banda shoegaze, Just Mustard, ao segundo álbum, liberta-se dessas amarras e aspira a algo mais abrangente, o que consegue com «Heart Under».

E no M.Ou.Co ouviram-se alguns temas que são exemplo disso mesmo, como «23», que abriu o concerto, «In shade», «Early», «Mirrors», «Sore», «Seed», que fechou a actuação, ou ainda o atmosférico «Blue chalk», todos retirados do disco saído este ano.

Just Mustard. Créditos: Global News Portugal

Já do álbum de estreia, «Wednesday» (2018), ouviram-se o poderoso «Pigs» e ainda o inebriante «Deaf», cuja guitarra traz à memória And Also The Trees e a voz de David Noonan torna o tema, verdadeiramente, extraordinário.

Pelo meio, os Just Mustard semearam três dos seus singles, através dos quais a banda começou a operar a sua evolução sonora. Trata-se dos temas «Seven», «Frank» e «October».

Just Mustard. Créditos: Global News Portugal

O coração rítmico pós-punk não engana e está sempre a bater, tal como as estrelas sonoras que são as guitarras, sujas, sintéticas, de sabor industrial, abrasivas e, ao mesmo tempo, contemplativas. A voz da imperturbável Katie Ball é a estrela guia, o elemento agregador e pacificador de uma sonoridade que balança amiúde entre o belo e o caos e encontra naquela angélica voz o caminho rumo à luz ao fundo do túnel. Não esquecer que, para os Just Mustard, «Heart Under» deve ser sentido como a experiência de atravessar um túnel com as janelas do carro abertas. Não há grande movimento em palco, mas o ambiente sonoro que a banda irlandesa cria é agitação suficiente para o espírito de quem assiste. Por isso, bota mostarda nisso, pá!

Just Mustard. Créditos: Global News Portugal
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