“Temos um enorme passado à nossa frente”. Foi desta forma que Pedro Sobrado, presidente do conselho de administração do Teatro Nacional S. João, encerrou a sua introdução ao que será o Centenário da emblemática instituição da cidade Invicta.
A ideia foi reforçada pelo director artístico Nuno Cardoso, sublinhando que “o S. João é uma estrutura viva”, glosando com a ideia de “um teatro a céu aberto”, inspirado na fotografia das obras em 1912 que serviu de cenário à apresentação da programação para o próximo ano de actividade.

A primeira coisa que se ficou a saber é que, findas as comemorações que se prolongam por um ano (até 7 de Março de 2021), o teatro fecha portas e transforma-se num enorme estaleiro de obras. Aí os actores serão outros, enquanto a “companhia quase residente” (uma das novidades do Centenário) continuará a representar o Teatro Nacional S. João, seja no TeCA ou no Mosteiro S. Bento da Vitória, seja nas digressões ou no projecto educativo.
Com um investimento de 2,3 milhões de euros, financiados a 85% pelo Programa Operacional Norte 2020, ao longo de 2020 e 2021 haverá obras de reabilitação do edifício, a renovação do parque técnico do teatro e o reforço da atividade da instituição no âmbito do Centenário.
Inaugurado em 1798, o então Real Teatro São João foi destruído por um incêndio em Abril de 1908, tendo sido reerguido ao longo de 12 anos e inaugurado a 7 de Março de 1920.
A intervenção profunda, tornando o edifício mais eficiente energeticamente, e a renovação do parque técnico do teatro visam preparar a estrutura para os “próximos 30 anos”.
De resto, o Centenário servirá para reforçar as vertentes que têm sido aposta no Teatro Nacional São João (TNSJ), ou seja, continuar a ser uma “casa de criação”, um parceiro de co-produções, de “abertura ao mundo” e ao país e reforço do projecto educativo, referiu Nuno Cardoso.
As celebrações dos 100 anos do TNSJ iniciam-se dia 7 de Março, com um dia pleno de iniciativas e de entrada gratuita.
É um programa que abrange todos os espaços geridos pelo TNSJ, que vão acolher múltiplas iniciativas, ligando num mesmo gesto passado e futuro, dentro e fora de portas, ao vivo e em vídeo. Haverá visitas guiadas especiais, a projeção de «Castro» na Praça da Batalha, quando à mesma hora será apresentada no Teatro Aveirense, em Aveiro, masterclasses, apresentações dos Clubes de Teatro Sub-18 e Sub-88 e leituras de textos dramatúrgicos, entre outras propostas.

Pelas 22h00, é apresentada no TNSJ a peça «Turismo Infinito», um dos espectáculos ícones de Ricardo Pais, momento que será antecedido pela cerimónia oficial de comemoração do Centenário.
No elenco da peça estará a companhia quase residente do TNSJ composta pelos actores Afonso Santos, Joana Carvalho, João Melo, Maria Leite, Mário Santos e Rodrigo Santos.
O programa das comemorações inclui ainda uma exposição e uma colecção, de seis volumes temáticos, intitulada «Cadernos do Centenário». O primeiro caderno será lançado no dia 7 de Março próximo e tem por título «O elogio do espectador», com 100 depoimentos sobre 100 espectáculos, que pretendem ser “a celebração da memória do espectador”, como referiu Pedro Sobrado.
Para a exposição foi lançado um desafio à cidade para que partilhasse objectos ligados ao TNSJ, mas tem havido algumas dificuldades.
“Há uma grande penúria de objectos, mas há uma super abundância de memórias e também há muitos documentos”, revelou o administrador, acrescentando que “a história errática do Teatro ao longo de 100 anos favorece a falta de objectos”.
Um “teatro a céu aberto” e no dia 7 de Março também de portas abertas espera que a cidade se junte e celebre 100 anos de uma casa que foi o primeiro edifício construído de raiz no Porto, em 1798, exclusivamente destinado à apresentação de espectáculos.
Longa vida ao Teatro Nacional São João.

