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Primavera Sound Porto: And the winner is… Blur!

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À 10ª edição, o Primavera Sound Porto apostou em mais um dia e em introduzir profundas alterações no recinto e teve, ainda, uma protagonista indesejada, que quase dava cabo do festival, que ainda assim teve momentos musicalmente grandiosos.

No radar do Globalnews ficou a extraordinária actuação dos Blur, o momento mágico que foi o concerto dos Sparks, ambos no Palco Porto, mas também, nos outros palcos, The Murder Capital, Built to Spill ou Off!, no Plenitude, St. Vincent, no Palco Vodafone, ou ainda Yves Tumor, no Palco Super Bock, ficaram na memória.

No derradeiro dia do festival, com Damon Albarn aos comandos, os Blur foram enormes. Abriram com um tema do novo álbum («The Ballad of Darren», que sai em Julho), «St. Charles Square», para logo de seguida mostrarem ao que vinham, dizendo, simplesmente, «There’s no other way». E o público aceitou o desafio e, a partir daí, foi uma festa.

A banda inglesa desfiou, então, uma série de temas que fizeram deles o que ainda são hoje, desde os anos 1990, levando a plateia ao rubro.

Curioso, ou talvez não, as grades eram ocupadas, praticamente, por sub-15, numa histeria completa e um conhecimento dos temas bastante apurado! Damon Albarn passou o concerto a interagir com o público, descendo, amiúde do palco para se juntar ao público nas grades. Por seu turno, os festivaleiros deliravam com a sucessão de temas que, aos mais velhos, remetem para a juventude. E havia muitos!

Blur. DR

«Popscene», «Bettlebum», «Coffee & TV», «Country house», «Parklife» ou «Girls & Boys», entre muitas outras canções, fizeram as delícias da plateia, com os Blur a despedirem-se com «The Universal», uma espécie de hino de despedida. Antes ainda houve tempo para mais uma do novo álbum, o single «The Narcissist».

Bem se pode dizer que Graham Coxon (guitarra), Alex James (baixo), Dave Rowntree (bateria) estão aí para as curvas, em especial Damon Albarn, que voltou a demonstrar bem o monstro de palco que é.

A escolher um vencedor do Primavera Sound Porto 2023 teria que ser Blur. Já sem sinais de chuva, o recinto foi enchendo ao longo do dia, para no momento do quarteto inglês subir ao palco, a plateia estar completamente cheia. A maior plateia que o festival já teve. E, provavelmente, pelo efeito do Sol, o cheiro a podre já não se sentia tanto.

Do que assistimos e ficou na retina, St. Vincent, no terceiro dia, destaca-se. Magnética, a norte-americana ‘rockalhou’ com atitude, foi feminista panfletária, tentou falar Português e desceu até às grades para abraçar o público e cantar-lhe «New York» (quase ao ouvido!).

Vincent. DR

O concerto, ao mesmo tempo arrojado e intimista, fez lembrar quando aquele era o palco principal. St. Vincent actuou no ‘secundário’, mas fez dele o palco principal.

E na retina ficou também, no último dia, a actuação dos norte-americanos Sparks, com os irmãos Mael – Russel (voz) e Ron (teclados) – a levarem o muito público ao rubro. Os muitos êxitos que criaram ao longo dos muitos anos de carreira, mais de 50, foram as fagulhas que atearam o fogo da festa na plateia, que não se cansou de dançar, cantar e incentivar os Sparks. Um must…

The Murder Capital, no segundo dia do festival, foi um momento explosivo, ainda com o Sol bem brilhante no seu percurso para o ocaso, ali mesmo ao lado no Atlântico. Com uma sonoridade intensa e provocativa, os irlandeses cedo conquistaram a plateia. O vocalista James McGovern e o baixista Gabriel Paschal Blake eram os mais exuberantes na atitude, mas as guitarras de Damien Tuit e Cathal Roper duas autênticas asas que, ao ritmo empolgante da bateria de Diarmuid Brennan, fizeram toda a gente levantar voo e voar…

The Murder Capital. DR

No terceiro dia, a actuação dos Built to Spill, banda que se confunde com o guitarrista e vocalista norte-americano Doug Martsch, foi um momento sublime. Um momento preenchido por uma indie-rock mais suave e mais etérea do que a praticada pelas bandas que deram origem ao movimento. Acompanhado em palco por Teresa Esguerra, na bateria, e por uma irrequieta Melanie Radford, no baixo, Doug Martsch, quase sem se mexer, mas magnetizante, levou o público numa viagem por paisagens multicoloridas.

No último dia, Yves Tumor, no Palco Super Bock, perante uma vasta legião de fãs, foi, mais uma vez, intenso e poderoso, enquanto os Off!, a tocarem à mesma hora dos New Order, tiveram uma plateia reduzida, mas, mesmo assim, libertaram toda a sua energia hardcore, num concerto forte e abrasivo.

OFF! DR

Entretanto, no Palco Vodafone, o som falhava… por duas vezes, quando a banda inglesa tocava «True faith». Foi preciso saltar o alinhamento para «Blue Monday» para o concerto poder chegar ao fim. Ainda assim, os New Order foram consistentes, mas também um pouco previsíveis.

Apostando numa parafernália de feixes de luz sobre o anfiteatro natural, totalmente tomado por público, os britânicos, a conta de um alinhamento carregado de hits, tiveram momentos de transformar a plateia numa imensa pista de dança.

Temas como «Regret», «Bizarre Love Triangle», «Plastic», «Blue monday» ou «Temptation», entre outros, foram banda sonora para muita dança, mas também algumas viagens no tempo. Electrónica dançante de elevada qualidade é a proposta e foi o que o público obteve.

A fechar, não poderia faltar a versão New Order de «Love will tear us apart», dos Joy Division. É o momento de comunhão final e total, da eterna evocação de Ian Curtis e um hino do pós-punk.

Por razões diversas, Gilla Band e Bad Religion, no segundo dia, e ainda Alison Goldfrapp e The Comet Is Coming, no dia extra e inaugural da edição 2023 do Primavera Sound Porto ficaram fora do radar, mas, em abono da verdade, dizer que só ouvimos coisas boas de todas aquelas actuações. Uma coisa é certa, no dia 1 do evento, escapámos à bátega com que os céus brindaram o concerto dos The Comet Is Coming.

Referir ainda que os ‘maduros’ Pet Shop Boys fizeram uma festa no Palco Porto, levando o muito público numa verdadeira viagem no tempo, com um concerto carregado de êxitos. Ainda picámos mais alguns concertos, mas nada nos fez os olhos brilhar!

De reggaeton ao afrobeat… passámos ao lado!

DR

Sobre as alterações introduzidas no recinto, as mais profundas prendem-se com a mudança de dois dos palcos, com a aproximação do festival ao mar, ou seja, deslocando-se mais para poente do Parque da Cidade, libertando a zona nascente do mesmo. O, até aqui Palco ATP (ou Binance), agora Palco Plenitude, ganhou área e um anfiteatro natural, mas perdeu o encanto da clareira onde se situava anteriormente. Já o palco principal, Palco Porto, agora fronteiro à rotunda da Anémona, apesar de ter uma plateia muito maior, com alguns lugares sentados e tudo, perdeu o declive e, nesta 10ª edição, teve como principal antagonista o nauseabundo cheiro que o terreno exalava, muito provavelmente pelo apodrecimento da relva devido à indesejada protagonista que foi a chuva… principalmente nos dois primeiros dias do festival. Ia dando cabo de tudo!

Porém, os melómanos e os festivaleiros são suficientemente resilientes para fazerem frente à pluviosidade, que teve momentos de grande intensidade, e resistirem estoicamente ao seu ataque e, assim, assistirem ao concerto que desejavam.

Ainda assim, dizer que a fluidez do numeroso público ficou facilitada, estando o recinto mais confortável e com os diferentes serviços mais acessíveis. Não fosse a chuva nos dois primeiros dias…

Com mais um dia e um recinto maior, o Primavera Sound Porto recebeu mais de 140 mil festivaleiros. Para o ano há mais, estando a reunião no Parque da Cidade do Porto agendada para os dias 7, 8 e 9 de Junho de 2024.

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